Exclusivo

Lifestyle

Ervas comestíveis? Sim, estão na moda e já há quem ensine a identificá-las

Do estigma de pobreza à mesa dos melhores restaurantes, as ervas comestíveis são hoje uma tendência na área da gastronomia e da sustentabilidade. Há passeios organizados nas zonas de Sintra e do Porto

Alexandre Delmar/A Recoletora

Há qualquer coisa de inquietante num passeio de descoberta e identificação de ervas silvestres. Por um lado, a constatação de que passámos uma vida inteira a desprezar dezenas de plantas, não só medicinais, mas também comestíveis. Por outro, a estranheza de, a cada dúzia de passos num terreno baldio, poder meter à boca folhas, rebentos e flores, não tóxicas nem intragáveis, mas ainda com essa aura. Como se de repente tivéssemos novas lentes para olhar o mundo — e toda uma paleta de sabores que as palavras só alcançam por aproximação.

Estacionamos perto da Tojeira, na zona de Sintra. Ao longe avista-se o Palácio Nacional de Mafra. A especialista em botânica Fernanda Botelho, de 62 anos, rosto trigueiro e jovial, encaminha-nos para um caminho de terra batida entre um vasto descampado e algumas moradias. “Este vizinho gosta muito de herbicidas”, aponta, na primeira de várias referências à guerra contra as plantas-tema do seu último livro, “Ervas que Se Comem – Silvestres e Saborosas” (Dinalivro). “Aqui está tudo seco; ali, não.” Bastam alguns segundos no “ali” para nos depararmos com os primeiros achados, junto à vedação do tal vizinho: lado a lado, malvas e ansarinas-brancas.

Lifestyle