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Gostava de ver um lobo? Os ‘lobos bons’ de Montesinho são a melhor opção

É difícil, pois eles ainda fogem mais de nós do que nós deles. Mas nada como tentar. O Nordeste transmontano é a nossa aposta

Lobo adulto, de olho num grupo de veados, no coração do Parque Natural de Montesinho
J. Lourenço

A abundância de presas silvestres, o coberto vegetal propício e a atitude de uma população humana que convive saudavelmente com este canídeo, fazem de Bragança um santuário do lobo em liberdade. Aqui, a história do ‘Capuchinho Vermelho’ faz pouco sentido, pois o que estas gentes veem é um predador que, ao invés de comer pessoas, se alimenta maioritariamente de javalis, corços e veados, os animais que realmente lhes causam prejuízos nas culturas agrícolas. As boas condições naturais, somadas aos hábitos de pastoreio no Parque Natural de Montesinho (PNM), com rebanhos não muito grandes, sempre com um pastor por perto, acompanhado por um ou dois cães de gado, fazem com que os ataques aos animais domésticos sejam muito menos por aqui do que noutros locais onde o gado é deixado em semiliberdade na serra.

É, pois, natural que estas gentes vejam o lobo como um animal idêntico aos outros, sem qualquer associação ao sobrenatural, a lobisomens e quejandos e não lhe movam as perseguições que sofre noutros sítios. É uma sã convivência que a todos beneficia e que pode revelar-se um trunfo no futuro. Afinal, os lobos, além de serem uma ‘espécie guarda-chuva’ — preservando-se o predador de topo, garante-se que as suas presas não cresçam desmesuradamente —, também são uma ‘espécie bandeira’, cuja notoriedade deixa poucos indiferentes.

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