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Coronavírus

Fuga laboratorial originou a pandemia? Três anos depois, não há “nenhuma evidência científica” que o comprove

A possibilidade de fuga de um laboratório como origem da pandemia de covid-19 voltou recentemente ao centro das atenções pela mão de duas entidades dos Estados Unidos. Mas para dois especialistas ouvidos pelo Expresso, não há provas para o dizer: a transmissão de animais para humanos é a causa mais provável – e vai voltar a acontecer. Já para a Organização Mundial da Saúde, com ação condicionada pelos países, “todas as hipóteses permanecem em cima da mesa”. Faz este sábado três anos que foi decretado o primeiro estado de emergência em Portugal, que entrou em vigor a 19 de março de 2020
Wuhan, China
Getty Images

Há três anos, a 18 de março, o Presidente da República decretava o primeiro estado de emergência devido à pandemia de covid-19, exatamente 16 dias após ter sido confirmado o primeiro caso de infeção em Portugal. Desde então, muito se especulou sobre a origem do vírus SARS-CoV-2.

O assunto voltou à atualidade no final de fevereiro, através de um relatório do Departamento de Energia dos Estados Unidos. A conclusão, então avançada pelo diário norte-americano “The Wall Street Journal”, é a de que a pandemia surgiu “muito provavelmente” de uma fuga laboratorial. Dias depois, o diretor do FBI, Christopher Wray, indicava uma explicação semelhante, afirmando – em entrevista à Fox News – que o departamento tem vindo a avaliar as origens da pandemia como “muito provavelmente um potencial incidente de laboratório em Wuhan”, na China.

Para os especialistas ouvidos pelo Expresso, não há nada que prove esta possibilidade: a hipótese mais credível e provável é a da transmissão de animais para humanos – uma zoonose. “Não há, neste momento, nenhuma evidência científica e validada que aponte para o contrário. O argumento só pode ser outro, político, não encontro outra explicação”, aponta Tiago Correia, professor de Saúde Internacional. Também Bernardo Gomes destaca que “não houve nada que tivesse sido apresentado ou demonstrado para apoiar de forma evidente” esta visão.