O Reino Unido acabou de decretar novas restrições às viagens que resultaram na suspensão temporária de voos oriundos de seis países africanos, incluindo a África do Sul, onde foi detetada uma variante de covid que, segundo especialistas britânicos, "é a pior" que viram "até agora", avança a Sky News.
Às 12 horas desta sexta-feira ficam suspensos no Reino Unido os voos destas seis nações: África do Sul, Namíbia, Lesoto, Botswana, Eswatini e Zimbábue. Os passageiros recém-chegados a solo britânico vindos destes países vão ser obrigados a cumprir quarentena em hotéis. Os viajantes que tenham vindo de um desses países nos últimos 10 dias estão agora a ser solicitados pelas autoridades no Reino Unido para fazer um teste de despiste.
Na origem da decisão do Governo britânico está a variante de covid B.1.1.529 identificada nestes países africanos, que tem 30 mutações diferentes, duas vezes mais do que a variante Delta. Também é considerada resistente a vacinas ou à imunidade gerada por anteriores infeções.
Estas mutações foram descritas como "realmente terríveis" por Tom Peacock, virologista do Imperial College London, apesar do número de contágios ainda ser baixo e de nenhum caso desta variante ter sido identificado até à data no Reino Unido.
Os casos identificados até ao momento desta variante totalizaram três no Botswana, 53 na África do Sul e um em Hong Kong (de uma pessoa que viajou da África do Sul), mantendo os cientistas a esperança de que se vá a tempo desta mutação de covid poder ser controlada.
O secretário de saúde britânico, Sajid Javid, publicou no Twitter que "a UKHSA (Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido) está a investigar uma nova variante". "São necessários mais dados, mas estamos já a tomar precauções."
"Seis países africanos vão ser adicionados à lista vermelha, os voos serão temporariamente proibidos e os viajantes do Reino Unido deverão ficar em quarentena", anunciou o secretário de saúde britânico no Twitter.
Na África do Sul, onde a variante se tem espalhado, apenas 44% da população está vacinada
Segundo explicitou Sajid Javid na rede social, a nova variante B.1.1.529 identificada na África do Sul "pode ser mais transmissível" do que a Delta, alertando ainda que "as vacinas que temos atualmente podem ser menos eficazes".
De acordo com a Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido, a variante B.1.1.529 "é a pior que vimos até agora" e tem uma proteína de pico (usada pelo vírus para entrar nas células humanas) que é "dramaticamente" diferente da variante original de covid.
Na África do Sul, a variante B.1.1.529 tem-se espalhado rapidamente entre os jovens, sobretudo em Gauteng, a província mais populosa do país, e "nos últimos quatro ou cinco dias houve um aumento mais exponencial", segundo o ministro da saúde sul-africano, Joe Phaahla.
A variante está a ser investigada por cientistas de sete universidades sul-africanas e, segundo Ravindra Gupta, professor de microbiologia clínica da Universidade de Cambridge, "há uma grande probabilidade" de muitos dos novos casos de covid no país estarem associados à nova variante.
Na África do Sul, apenas 41% da população adulta está vacinada, sendo administradas diariamente no país cerca de 130 mil doses, bastante abaixo da meta de 300 mil doses diárias que tinha sido anunciada pelo governo sul-africano.
Especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) vão reunir-se esta sexta-feira para avaliar esta variante de covid.