António Costa ansiou por uma vacina durante quase um ano, desejou a imunidade de grupo durante meio ano. Em setembro, enfim, anunciou o regresso à normalidade - o país chegou às autárquicas já com o anúncio do fim de quase todas as restrições. Durou dois meses, nem isso. Com o país a entrar numa quinta vaga, com o país em plena crise política, Costa teve de dar meia volta e regressar às conferências de imprensa difíceis.
O regresso foi duro, mas Costa começou pelo copo meio cheio: Portugal tem a “mais elevada taxa de vacinação” da Europa e isso “tem consequências benéficas para todos”, frisou o chefe de governo, anotando um “menor número de internamentos, de internados em cuidados intensivos”. A vacina “tem permitido salvar vidas” e a “situação é francamente melhor”.
O lema era “a vacinação vale a pena”, mas não servia para dizer, desta vez, que era suficiente, antes para anunciar um reforço do processo de vacinação. Agora é a terceira dose, que será aplicada a 2,5 milhões de portugueses até 19 de dezembro; agora é também preparar tudo para vacinar as crianças acima de cinco anos - mas só a partir de 20 de dezembro (quando chegarem as doses da Pfizer) e depois de parecer positivo da DGS. Costa teve mais cuidados: disse que só será dada quando os pais quiserem e com o acordo dos pediatras. Nada de imposições.
Vacina sim, vacina não. Porque depois António Costa passou para o quadro mais negro: “Infelizmente temos uma evolução negativa em internamentos, em cuidados intensivos e temos a lamentar um maior número de óbitos. Estamos melhor do que generalidade dos países europeus, mas não tão bem como queremos estar”. E, vai daí, seguiram as velhas medidas restritivas.