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Coronavírus

Vacinar crianças dos 5 aos 11 anos faz sentido em Portugal? Especialistas dividem-se, DGS vai esperar pela decisão dos reguladores

As crianças dos 5 aos 11 anos já começaram a ser vacinadas contra a covid-19 nos Estados Unidos. Na Europa, as vacinas da Pfizer e da Moderna ainda estão a ser avaliadas pela agência de medicamentos. A realidade dos dois continentes é diferente e, em Portugal, pode não fazer sentido vacinar os mais novos porque o benefício direto parece ser menor, dizem dois pediatras ouvidos pelo Expresso. Mas inocular as crianças é “uma mais valia” e tem muitas vantagens, defendem outros dois especialistas — ainda que o investigador Nuno Vale defenda que a toma não deva ocorrer em simultâneo com outras vacinas. No final, a decisão é da DGS, que vai esperar pelo parecer do regulador europeu e do Infarmed

LUISA GONZALEZ

Os Estados Unidos já começaram a vacinar as crianças dos 5 aos 11 anos. Do outro lado do Atlântico, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) ainda está a avaliar a administração do fármaco da Pfizer e, entretanto, também o da Moderna, para as crianças dos 6 aos 11. As decisões são esperadas dentro de poucos meses, de acordo com a própria EMA.

Como tem acontecido até agora, Portugal aguarda o parecer dos órgãos reguladores para depois tomar uma posição. Numa resposta ao Expresso, a Direção-Geral da Saúde diz que “tem adotado as boas práticas adotadas internacionalmente e definidas pelos reguladores – Agência Europeia de Medicamentos e Infarmed”. “No que respeita à vacinação de crianças, serão seguidas as mesmas metodologias, em que a Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19 emitirá o seu parecer com base na melhor evidência disponível e, obviamente, desde que os ensaios clínicos recebam dela um parecer favorável”, adianta a DGS.

Porém, a inoculação dos mais novos continua a dividir a comunidade científica. “Como a vacina ainda não está aprovada para esta faixa etária na Europa, é prematuro estar a ter esta discussão em Portugal”, considera Francisco Abecasis. Ainda assim, o pediatra e intensivista abre o debate e questiona o sentido de inocular este grupo: o benefício direto é ainda menor do que nos adolescentes dos 12 aos 15, porque quanto mais novas são as crianças menos risco têm de desenvolver doença grave, afirma.