Desde cedo que surgiram relatos de casos de inflamação e insuficiência cardíaca grave (miocardite) associada à covid-19, o que fez a comunidade científica desconfiar da interação do vírus com o coração. Quando se percebeu que o SARS-CoV-2 entrava nas células humanas através de uma ligação entre a proteína vírica S (de Spike) e o recetor de membrana ECA2 (de Enzima Conversora da Angiotensina 2), tornou-se evidente como.
É que “esse recetor não existe só no pulmão. Também existe muito no coração”, afirma Roberto Roncon, coordenador de Medicina Intensiva do Hospital de São João, no Porto. Para a equipa que coordena e que há dez anos investiga a forma como as infeções graves fazem adoecer o coração, parecia “impossível” que o SARS-CoV-2 não acarretasse “implicações cardíacas”.