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Coronavírus

Como evitar uma nova crise de produção de vacinas? O falhanço da Europa e seis ideias para a próxima crise de saúde pública

A Comissão Europeia foi “ingénua”, deveria ter tido uma “posição mais pró-ativa” e, além disso, fez contratos “pouco transparentes com as empresas farmacêuticas”, dizem os especialistas. Em consequência disso, foram distribuídas menos vacinas contra a covid-19 do que aquelas que estavam previstas e seriam necessárias. Está agora em cima da mesa a possibilidade de processar uma dessas empresas, mas há outros mecanismos que podem ser criados para evitar que isto aconteça numa próxima crise. Só é preciso haver “vontade política”

A vacina da Johnson&Johnson é de toma única e está aprovada pela UE
LUCY NICHOLSON

A AstraZeneca não está a cumprir os contratos celebrados com a Comissão Europeia (CE) em relação às vacinas contra a covid-19, e por isso Bruxelas considera processar a farmacêutica para obter as doses previstas em tribunal. Vários Estados-membros já mostraram reservas, Portugal lavou as mãos e remeteu a decisão para a Europa: ainda não se sabe se vai ser um juiz a decidir a atual disputa, mas já se sabe que esta ideia é mais um capítulo na relação conturbada entre estes dois lados tão necessários para vencer a pandemia.

Um desses capítulos foi escrito no mês passado, quando Bruxelas enviou uma carta à empresa com o objetivo de “iniciar um diálogo como parte de um processo de resolução de litígios”, um mecanismo previsto nos contratos celebrados. E há dias, ainda antes de os tribunais entrarem na discussão, o Comissário para o Mercado Interno, Thierry Breton, avisou que, devido aos atrasos, a CE poderá não renovar esses mesmos contratos com a AstraZeneca.