Coronavírus

O que é que outros países europeus decidiram fazer em relação à vacina da AstraZeneca?

Depois do parecer técnico da Agência Europeia do Medicamento sobre a vacina da AstraZeneca, que reconheceu "uma possível ligação entre a administração da vacina e a ocorrência de coágulos sanguíneos invulgares", os países europeus começaram a restringir o seu uso. França e Bélgica fixaram a idade limite nos 55 anos, enquanto a Itália optou pelos 60, à semelhança de Portugal. Dinamarca foi ainda mais prudente: a vacina continua suspensa até os estudos científicos nacionais estarem concluídos

Ian Forsyth/Getty Images

O Reino Unido decidiu limitar, na quarta-feira, o uso da vacina da AstraZeneca a pessoas com menos de 30 anos, seguindo as recomendações das autoridades de saúde. Trata-se do país com o maior número de doses desta vacina já administrada e é também o país que, até agora, restringiu de forma mais apertada as faixas etárias que vão passar a ser inoculadas com a vacina da AstraZeneca.

Em Itália, após o anúncio da EMA esta quarta-feira, as autoridades de saúde decidiram “recomendar o uso [da vacina da AstraZeneca] de preferência a pessoas com mais de 60 anos”, disse Franco Locatelli, conselheiro científico do Governo, numa decisão igual àquela que foi tomada pelas autoridades de saúde portuguesas.

Em França, as autoridades de saúde reagiram também na quarta-feira, pouco depois das conclusões da EMA serem públicas: a administração da vacina da AstraZeneca recebeu luz verde para retomar “sem atrasos”, mas apenas para cidadãos a partir dos 55 anos de idade.

No mesmo dia, a Bélgica optou pela mesma solução: “Com base no mais recente conhecimento científico, o ministro da Saúde belga decidiu substituir a vacina da AstraZeneca por outras vacinas nas pessoas com idades entre os 18 e os 55 anos. Para pessoas com 56 anos ou mais, todas as vacinas vão continuar a ser administradas”, pode ler-se num comunicado das autoridades de saúde. A medida vai ser reavaliada daqui a quatro semanas.

Espanha decidiu esta quinta-feira, tal como Portugal: a vacina da AstraZeneca passa a estar reservada somente a pessoas entre os 60 e os 69 anos, corrigindo assim a informação revelada no dia anterior, que apontava para um acordo entre as comunidades autónomas e as autoridades de saúde para limitar o uso da vacina a cidadãos entre os 60 e 65 anos. É já a quarta alteração nos critérios de administração desta vacina.

A Holanda seguiu a mesma indicação e restringiu a vacina britânica a cidadãos com menos de 60 anos. “Pessoas com mais de 60 anos, nascidas em 1960 ou antes, podem continuar a receber a injeção da AstraZeneca de forma segura. As outras vão receber uma vacina diferente”, explicou esta quinta-feira em comunicado o Ministro da Saúde holandês, Hugo de Jonge.

No caso da Alemanha, ficou decidido na quarta-feira que, apesar do parecer da EMA, a vacina deve ser dada apenas a pessoas com menos de 60 anos. Além disso, a comissão alemã para a vacinação contra a covid-19 recomendou que as pessoas com menos de 60 anos que já tenham recebido a primeira dose da vacina da AstraZeneca devem receber a segunda dose de uma outra vacina.

Na Suécia, as autoridades de saúde sublinharam que “os benefícios da vacina são superiores aos riscos”, e por isso autorizaram a sua administração a pessoas com mais de 65 anos, depois de uma suspensão total ordenada em março.

Uma atuação diferente teve a Dinamarca, que anunciou que vai esperar até saber os resultados dos seus estudos científicos para tomar uma decisão definitiva referente à vacina da AstraZeneca. “A conclusão da EMA mostra que era importante investigar uma possível relação [entre a vacina e casos de coagulações sanguíneas]. (...) Confirma que nós temos mostrado uma prudência razoável ao suspender a vacina enquanto esta é investigada”, apontou o Ministro da Saúde dinamarquês, Søren Brostrøm. Uma decisão definitiva, com base nos resultados dos estudos nacionais, deverá ser conhecida na próxima semana.