Coronavírus

Covid-19. UE culpa AstraZeneca por falhar meta de vacinação que tinha até março

"Se tivéssemos recebido 100% das vacinas da AstraZeneca que nos foram contratadas, a União Europeia estaria hoje ao mesmo nível que o Reino Unido em termos de vacinas", afirmou o comissário Thierry Breton

A vacina da Johnson&Johnson é de toma única e está aprovada pela UE
LUCY NICHOLSON

O lançamento da campanha de vacinação contra a covid-19 na União Europeia (UE) está a ser mais lento do que o esperado. O bloco falhou o objetivo de vacinar 80% dos idosos até ao final de março e Bruxelas aponta o dedo à AstraZeneca, que tem sido diretamente culpada pela distribuição vagarosa das doses.

Thierry Breton, o comissário europeu responsável pelo fornecimento e distribuição de vacinas contra a covid-19, considera que a empresa farmacêutica anglo-sueca é responsável por este fracasso.

"Se tivéssemos recebido 100% das vacinas da AstraZeneca que nos foram contratadas, a União Europeia estaria hoje ao mesmo nível que o Reino Unido em termos de vacinas", disse o comissário ao "Le Parisien". "Por isso, posso dizer que a turbulência que vivemos se deve unicamente ao fracasso da AstraZeneca em fornecer [as doses]”.

Até agora, a farmacêutica só conseguiu entregar à UE 30 milhões das 120 milhões de doses previstas no primeiro trimestre do ano. A empresa justifica o atraso devido, em grande parte, ao baixo rendimento da sua fábrica na Bélgica.

"No primeiro trimestre, a AstraZeneca entregou apenas um quarto das doses que encomendámos, enquanto os britânicos receberam todas”, continuou Thierry Breton, ressalvando que o contrato da UE foi assinado em agosto de 2020, antes do que o do Reino Unido.

Meta dos 80% por cumprir

Segundo os últimos dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), referentes a 5 de abril, esta segunda-feira, cerca de 60% da população com 80 ou mais anos recebeu a primeira dose da vacina na UE. Destes, apenas 36,5% receberam as duas inoculações.

A Comissão Europeia fixou, em janeiro, a meta de vacinar até 31 de março pelo menos 80% das pessoas com mais de 80 anos e a mesma percentagem de profissionais de saúde. No que diz respeito a este último grupo, cerca de 63% recebeu a primeira dose e 50% recebeu as duas, segundo os dados do ECDC.

Assim, em ambos os grupos verifica-se que a meta dos 80% ainda está por cumprir nos Estados-membros da UE.

Já no Reino Unido, a percentagem de pessoas vacinadas com 80 ou mais anos é de 99,4% em Inglaterra, 98,3% no País de Gales e 98,6% na Escócia, até à semana que terminou a 20 de março, de acordo com o Gabinete de Estatísticas Nacionais.