Coronavírus

Covid-19. Açores suspendem administração de vacinas da AstraZeneca

O diretor regional da Saúde explicou que, das 8.500 doses desta vacina que chegaram ao arquipélago no dia 3 de março, há ainda cerca de 4.000 doses por administrar

Os Açores vão também suspender a administração da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca, avançou esta segunda-feira à Lusa o diretor regional da Saúde, adiantando que a região tem ainda cerca de 4.000 doses dessa vacina.

"Vamos alinhar com aquilo que são as orientações e o que ficou determinado pela DGS, pelo Infarmed e pela 'task force' da suspensão temporária, até ser feita a reavaliação da segurança das vacinas da AstraZeneca", afirmou à Lusa Berto Cabral.

O diretor regional da Saúde explicou que, das 8.500 doses desta vacina que chegaram ao arquipélago no dia 3 de março, há ainda cerca de 4.000 doses por administrar.

"Não se trata de doses perdidas, porque, no fundo, não é uma retirada destas vacinas do circuito, é uma suspensão para reavaliação", garante o responsável, acrescentando que estas "têm um período de conservação muito grande".

Berto Cabral esclarece que as cerca de 4.000 doses que aguardam pelo parecer da Agência Europeia do Medicamento se destinavam a "profissionais de saúde do privado, às forças de segurança" e a "doentes entre 50 e 65 anos" com "insuficiência cardíaca, doença coronária e insuficiência respiratória".

Depois de o secretário regional da Saúde, Clélio Meneses, ter afirmado hoje que a região espera receber em abril 40.000 doses de vacinas, da Pfizer, que permitiriam concluir a 1.ª fase da vacinação prevista no plano regional, o diretor regional afirma que a suspensão definitiva da inoculação da AstraZeneca pode causar ainda mais atrasos no processo.

"É de temer que, se houver uma suspensão definitiva da AstraZeneca, e tendo em conta que todo o país, e toda a Europa, ficam com uma quantidade significativa de vacinas que não serão administradas, se houver uma redistribuição das vacinas da Pfizer, poderão chegar menos", concretiza.

A decisão pela suspensão da administração da vacina em Portugal ocorre apenas um dia depois de Infarmed e DGS terem declarado que a vacina da AstraZeneca podia continuar a ser administrada, frisando que não havia evidência de ligação com os casos tromboembólicos registados noutros países. Entretanto, o país continua a utilizar as vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna, autorizadas pela Agência Europeia do Medicamento.

Espanha, Itália, Alemanha, França, Noruega, Áustria, Estónia, Lituânia, Letónia, Luxemburgo e Dinamarca, além de outros países, incluindo fora da Europa, já interromperam por "precaução" o uso da vacina da AstraZeneca, após relatos de casos graves de coágulos sanguíneos em pessoas que foram vacinadas com doses do fármaco da AstraZeneca.

A empresa já disse que não há motivo para preocupação com a sua vacina e que houve menos casos de trombose relatados nas pessoas que receberam a injeção do que na população em geral.

A Agência Europeia do Medicamento (EMA) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmaram que os dados disponíveis não sugerem que a vacina da AstraZeneca tenha causado os coágulos e que as pessoas podem continuar a ser imunizadas com esse fármaco.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou, entretanto, que o comité de especialistas desta agência das Nações Unidas "está a rever os dados disponíveis" sobre a vacina desenvolvida pelo laboratório sueco e pela Universidade de Oxford e vai reunir-se na terça-feira para discutir a vacina.

Em Portugal, a pandemia de covid-19 já provocou a morte de 16.694 pessoas dos 814.513 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.