Marta Temido considera que a situação pandémica em Portugal ainda está longe de estar tranquila. Em entrevista à Antena 1, nesta terça-feira em que se assinala um ano desde que foi identificado o primeiro caso de covid-19 em Portugal, a ministra da Saúde, a propósito de uma questão sobre a reabertura das escolas, sublinhou que os números e indicadores dos últimos dias ainda estão distantes daqueles que se registaram durante o verão.
"Quando em agosto tivemos um máximo de 29 doentes internados em cuidados intensivos, ontem [segunda-feira] tínhamos 469. Quando em agosto tínhamos 270 pessoas em enfermaria, ontem tínhamos 2167. Quando em agosto tínhamos uma taxa de positividade de pouco mais de 1, agora ainda estamos acima de 4. Portanto, embora haja hoje uma série de coisas às quais nos habituamos, que nos parecem estar tranquilas, elas estão longe de o estar”, disse.
Depois, defendeu que o Governo “ainda não está em condições para falar na reabertura das escolas”: “Optamos por manter esta informação condicionada a um conjunto de circunstâncias e audições e também a um calendário que já foi anunciado pelo primeiro-ministro. No dia 11 de março daremos a conhecer um conjunto de regras que, se determinados pressupostos se mantiverem, se aplicam.”
Questionada ainda sobre as vacinas, a ministra da Saúde afastou a possibilidade da dose da AstraZeneca colocar em risco as pessoas com mais de 65 anos. Trata-se de uma questão de eficácia e não de perigo. “Uma vacina é melhor que vacina nenhuma. Sabemos que a vacina da AstraZeneca realizou até à data ensaios num universo de pessoas com mais de 65 anos muito reduzido e não se sabe bem a sua eficácia”, disse. “Sabemos que é totalmente segura e de qualidade. A questão é a sua eficácia acima de determinadas faixas etárias”, assegurou.
Sobre a vacina produzida pela Johnson & Johnson, cuja reunião para a aprovação da distribuição na União Europeia está agendada para dia 11, Temido disse que é desejado que esta comece a ser usada em abril. Por agora, o contrato base prevê que cheguem cinco milhões de doses. “Temos da parte desta farmacêutica um calendário de entrega de vacinas para Portugal que se reparte entre o segundo, terceiro e quarto trimestres. Desejaríamos que fosse em abril porque é uma unidose. As condições de armazenamento são distintas e mais simples”, concluiu.