A nova variante do vírus da covid-19 detetada no Brasil já chegou a vários países e Portugal não é uma exceção. Na quarta-feira, foram detetados dois casos na região da grande Lisboa. A informação foi divulgada por fonte oficial do laboratório Unilabs e confirmada posteriormente ao Expresso. Ainda segundo o laboratório, os casos foram comunicados à Direção-Geral da Saúde e as amostras enviadas para o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) “para o seguimento epidemiológico e laboratorial adequado”.
A variante em causa, designada P.1, foi detetada pela primeira vez no Japão, onde terá chegado depois de quatro japoneses — um homem com cerca de 40 anos, uma mulher com perto de 30 e dois adolescentes — visitarem a Amazónia. Os testes de deteção do vírus que fizeram à chegada ao aeroporto internacional de Tóquio deram positivo, tendo três deles manifestado sintomas, como febre, dores de garganta e dificuldades em respirar, nos dias posteriores.
A 13 de janeiro, as autoridades brasileiras confirmaram a existência de uma nova estirpe do vírus em circulação no país, originária daquele estado brasileiro. Em comunicado divulgado na altura, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o maior centro de investigação médica da América Latina, explicou que as amostras dessa nova estirpe que foram analisadas acumulam “um número incomum de alterações genéticas, além das verificadas na chamada proteína 'Spike'”, e que se “assemelham ao padrão observado” nas variantes detetadas no Reino Unido e na África do Sul. “Se essas mutações conferirem alguma vantagem seletiva para a transmissibilidade viral, devemos esperar um aumento da frequência dessas linhagens virais no Brasil e no mundo nos próximos meses”, referiu também a fundação, explicando que as mutações descobertas são um “fenómeno recente, provavelmente ocorrido entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021”, e “podem ser representantes de uma linhagem emergente no Brasil”.
A nova estirpe possui 12 mutações — uma delas já encontrada em variantes já identificadas no Reino Unido e na África do Sul, o que “implica um maior potencial de transmissão do vírus”, segundo as autoridades brasileiras. Será necessária, contudo, mais investigação para se ter a certeza disso. Menos dúvidas haverá sobre a possibilidade de ser tão contagiosa quanto as restantes. Citado recentemente pela agência de notícias AFP, Felipe Naveca, especialista do Instituto Leônidas e Maria Deane que tem estudado a nova variante identificada no Brasil, explicou que foram comparadas as amostras recolhidas no Japão e na Amazónia, tendo-se concluído que esse cenário é “muito provável”. “Estamos em processo de conclusão do sequenciamento para confirmar que essas mutações detetadas no Japão estavam realmente presentes antes na Amazónia, mas é muito provável”, afirmou. O que também é provável, afirmou o investigador na altura, é que a nova variante já se tenha espalhado a outras regiões do país.
Além do Brasil, e também Portugal, esta nova variante do vírus foi já detetada em países como a Coreia do Sul e os EUA, onde foi confirmado o primeiro caso de infeção pela estirpe em causa a 25 de janeiro, no Minnesota, numa pessoa que viajara recentemente para o Brasil.