Coronavírus

Relatório europeu: Portugal vacinou 1,6% da população adulta, Irlanda lidera

Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças publica novos dados sobre a vacinação na União Europeia. Dois países avançaram com a decisão de espaçar a toma entre doses além do que está previsto para conseguir vacinar mais pessoas em menos tempo. Discussão prossegue na Europa

Vacinação obrigatória para profissionais de saúde franceses
EDUARDO COSTA/LUSA

O problema é comum – escassez de vacinas -, as estratégias para lidar com ele divergem, com os países da União Europeia a gerir os reduzidos lotes que vão recebendo de forma diferente. De acordo com o relatório do European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC) publicado esta segunda-feira sobre o processo de vacinação na União Europeia e países membros do Espaço Económico Europeu, 1,6% da população portuguesa com mais de 18 anos tinha recebido pelo menos a primeira dose da vacina contra a covid-19.

O valor é baixo comparando com a maioria dos restantes 22 países que reportaram dados ao ECDC a 25 de janeiro. Com números inferiores aparecem Chipre, Eslováquia, Letónia e Países Baixos. A maioria tem 2 a 3 por cento da sua população adulta com uma dose da vacina tomada e a Irlanda destaca-se de todos os outros, com 11,5%.

Em conferência de imprensa esta segunda-feira à tarde, a ministra da Saúde sublinhou, no entanto, que os dados constantes do relatório estão "desatualizados" e que Portugal tem já "3,3 doses de vacinas administradas por cada 100 pessoas, sendo o sétimo neste indicador”.

ADULTOS COM 1.ª DOSE DA VACINA


Mas o que o relatório também mostra é que a percentagem de administração das doses já distribuídas na União Europeia (a esmagadora maioria da Pfizer/BioNTech, já que a compra da UE à Moderna foi bem mais reduzida) varia muito de país para país. Portugal, por exemplo, tinha utilizado metade das doses recebidas. Já em Espanha esse valor chega aos 85%.

A diferença tem a ver com a forma como os stocks são geridos e a maior ou menor prudência com que se guardam vacinas suficientes para garantir a segunda toma de quem já iniciou o processo de vacinação, evitando que atrasos ou percalços nas entregas façam interromper o processo. Em Portugal, o grupo de trabalho para a vacinação anunciou recentemente que ia mudar o critério, muito prudente, e em vez de manter reservas para três semanas reduzir para uma.

Adiar ou não a segunda dose

Mas há outra forma de acelerar o processo e que tem a ver com adiar a segunda toma e administrar as doses que vão chegando a cada país ao maior número de pessoas possível.

O Reino Unido já tinha tomado essa decisão tanto para a vacina da Pfizer como para a da Astrazeneca, aprovada na passada sexta-feira pela Agência Europeia do Medicamento para utilização na UE. Em vez das três a quatro semanas de intervalo entre doses, como previsto nos ensaios clínicos e aprovação dos reguladores, estenderam até um máximo de 12 semanas.

Na União Europeia, e segundo o relatório do ECDC, a Irlanda já está a usar um intervalo de 28 dias em vez de 21 dias no caso da vacina da Pfizer e os Países Baixos permitem também um alargamento até aos 42 dias – este é o período máximo de extensão admitido pela Organização Mundial de Saúde em função do agravamento da situação epidemiológica e da pressão sobre os sistemas de saúde em vários países. A República Checa deverá tomar decisão semelhante.

No entanto, a maioria dos Estados-membros (14 em 23) comunicaram ao ECDC que não estavam a pensar para já em mudar os intervalos inicialmente definidos. Outros seis, incluindo Portugal, indicaram que a decisão ainda estava em “discussão”.

No fim de semana, o "Público" noticiou que a comissão técnica para a vacinação defende precisamente o maior espaçamento entre doses, até seis semanas, como forma de vacinar mais pessoas mais rapidamente, mas que o grupo de trabalho responsável pelo plano de vacinação em Portugal não aceitou a sugestão, estando a aguardar orientações da Agência Europeia do Medicamento.