Das mais de 400 mil doses de vacina da Pfizer e da Moderna que chegaram a Portugal no último mês, já foram administradas 252 mil, sendo que 74 mil pessoas já têm o seu processo de vacinação completo, ou seja, com a toma das duas doses previstas. A estas somam-se 183 mil pessoas que apenas tomaram só a primeira dose, revela Francisco Ramos, coordenador da task force para o plano da vacinação, num balanço de um mês do processo, que fez esta quinta-feira no Infarmed.
Neste ponto de situação, Francisco Ramos diz também que as reações adversas registadas até agora são muito poucas - 0,65 por 100 vacinados - e estão em linha de conta com o que aconteceu nos ensaios clínicos.
Neste primeiro trimestre deverão chegar a Portugal 1,5 milhões de doses e no segundo trimestre cinco milhões. Mas há também que contar que às vacinas da Pfizer e da Moderna se vai juntar a da AstraZeneca, cuja aprovação pode acontecer esta sexta-feira numa reunião da Agência Europeia do Medicamento.
É este reforço no fluxo de vacinas que vai permitir prosseguir com a vacinação dos grupos que já estavam previstos para esta primeira fase - como os mais de 50 anos com doenças de risco para a covid-19 (cardíaca, renal, coronária, pulmonar obstrutiva) -, mas também com a inclusão, anunciada esta semana, de todas as pessoas com mais de 80 anos.
Até esta semana, há um total de cerca de 57.500 profissionais de saúde do SNS vacinados com as duas tomas e 16 mil iniciaram o processo. A estes juntam-se 2300 do privado e das misericórdias com uma dose administrada. Sobre o atraso na vacinação dos profissionais do sector privado, Francisco Ramos justificou com uma falha numa entrega da Moderna e indicou um reforço de seis a sete mil nestes hospitais na próxima semana.
Inspeção vai fiscalizar vacinação
Quanto aos titulares de órgãos de soberania e proteção civil que também estão incluídos nesta primeira fase do plano, o coordenador da task force adiantou que nas "próximas semanas", haverá disponibilidade de vacinas para cerca de mil pessoas, que serão indicadas, por ordem de prioridade, pelas respetivas entidades, como o Parlamento ou os tribunais.
Quem já teve a doença ou está neste momento infetado - como é o caso de vários membros do Governo - e tem imunidade natural contra a covid-19 ficará para já de fora e será vacinado numa segunda fase.
Em relação à vacinação de pessoas que supostamente não cumprem os critérios de prioridade, Francisco Ramos anunciou que a partir da próxima semana a Inspeção-Geral das Atividades da Saúde vai realizar uma série de auditorias para fiscalizar o cumprimento do plano e garantir que é vacinado quem tem direito nesta fase.
Mais de 800 mil vacinados até março
Se o calendário de entregas se mantiver como previsto, no final de março haverá "810 mil pessoas com vacinação completa e 520 mil com primeira toma administrada", previu ainda Francisco Ramos, fazendo um balanço positivo do processo iniciado nos últimos dias do ano passado.
Nessa altura, estarão vacinados (duas tomas) todos os residentes e profissionais de lares, metade do grupo de 600 mil pessoas com mais de 50 anos e comorbilidades para a covid, metade das 340 mil pessoas com mais de 80 (não incluídas noutros grupos), 120 mil profissionais de saúde, 21 mil elementos das forças armadas e de outros serviços críticos, calcula o responsável. A estes juntam se mais meio milhão de cidadãos com a primeira toma da vacina administrada.
No início de março deverá também haver, pelo menos, um centro de vacinação por concelho.