Coronavírus

Governo pede “inquérito urgente” a desentendimento entre PSP e GNR na escolta de vacinas

Caso que aconteceu em Évora vai ser investigado pela Inspeção-Geral da Administração Interna. Ministério pediu esclarecimentos sobre as regras de acompanhamento para a distribuição das vacinas

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

O ministro da Administração Interna ordenou a abertura de “um inquérito urgente” relativamente ao desentendimento entre a PSP e a GNR a propósito da escolta da vacina contra a covid-19 e que acabou por atrasar a saída de uma carrinha para fazer a distribuição na zona sul do país. Em comunicado, o ministério tutelado por Eduardo Cabrita confirma que “face aos incidentes ocorridos” em Évora e “noticiados pela comunicação social” foi pedido esta segunda-feira uma investigação à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI).

Na mesma nota enviada às redações é ainda referido que foi solicitado à Secretaria-Geral do Sistema de Segurança Interna mais “informação sobre quais as regras de acompanhamento e desembaraçamento do trânsito definidas para concretizar essa distribuição”.

De acordo com o que foi noticiado esta segunda-feira pela TVI, um conflito entre agentes da PSP e militares da GNR impediu inicialmente que uma carrinha carregada com doses da vacina saísse de Évora para fazer a distribuição na região sul do país. A GNR já tinha feito a escolta desde Coimbra e foram travados pela PSP após terem feito a entrega de uma remessa no hospital de Évora. Seguiam depois para o Baixo Alentejo e Algarve.

Ao Expresso, o Comando da GNR disse não ter “qualquer comentário” a fazer sobre o incidente. Já a PSP sublinhou que o desentendimento foi “rapidamente resolvido”. Segundo o esclarecimento obtido, “as regras estão perfeitamente definidas” e em causa terá estado uma qualquer ordem “mal entendida” por algum elemento da GNR.

Para José Alho, dirigente da ASPIG/GNR, uma das principais associações sindicais da GNR, a situação “não é novidade”. “É uma situação recorrente”, diz ao Expresso, já que “ao longo dos anos tem havido disputas inexplicáveis sobre situações de fiscalização, da volta a Portugal em bicicleta ou passarmos dentro de uma localidade da PSP e sermos abordados e identificados”.

Para o dirigente sindical, “a situação tornou-se mais grave na situação em que nos encontramos com a pandemia” e “se o problema não se resolver pela raiz vai acontecer sistematicamente”. “A solução utópica seria a fusão das duas forças”, acrescentou.

Já Paulo Santos, o novo presidente da ASPP/PSP, não quis fazer muitos comentários ao caso pois diz que não sabe em concreto o que se passou. “Apenas sei que as regras e a jurisdição estão definidas, sei que o senhor ministro mandou abrir um inquérito e sei que a moderação e a tranquilidade devem ser imperativas numa questão delicada como o combate à pandemia. Tudo o que as polícias devem fazer é ser um contributo para a tranquilidade pública. Ruído nada acrescenta. Aguardemos o resultado do inquérito para perceber o que esteve mal, se algo esteve mal e melhorar ou retificar no futuro.”