Coronavírus

Covid. Dois peritos dos EUA que votaram contra a utilização urgente da vacina da Pfizer têm dúvidas sobre quem tem 16 e 17 anos

Entre os peritos da agência que regula os medicamentos nos Estados Unidos, a FDA, quatro votaram contra a utilização urgente da vacina da Pfizer no combate à covid-19 e um absteve-se. Dois deles manifestaram as suas dúvidas sobre a vacinação de uma faixa etária muito específico

Dado Ruvic/REUTERS

As dúvidas em relação à utilização da vacina da Pfizer em jovens de 16 e 17 anos foram a razão invocada por dois peritos da FDA (Food and Drug Administration) para divergirem dos 17 colegas, cujo voto a favor ditou a aprovação concedida pela agência que regula os medicamentos nos EUA para o uso urgente da vacina no combate contra a covid-19.

A luz verde foi dada esta quinta-feira, abrindo caminho para a aprovação final pela FDA, mas alguns membros do painel de especialistas expressaram preocupação, ao considerar que não existem dados suficientes para saber se a vacina é útil no caso dos jovens abaixo dos 18 anos. Na apreciação final, o comité considerou que os benefícios para este grupo superam os riscos.

Archana Chatterjee, reitora da Chicago Medical School e um dos quatro elementos do painel que votaram contra, defende que os jovens de 16 e 17 anos não devem ser incluídos para já entre as pessoas a vacinar.

“Quero deixar claro que apoio totalmente a autorização do uso urgente desta vacina da Pfizer e BioNTech em adultos de 18 anos ou mais“, disse à CNBC a pediatra, especialista em doenças infecciosas. Chatterjee elogiou que os testes tivessem incluído pessoas com menos de 18 anos, mas enfatizou que gostaria de ter visto mais dados antes de recomendar a utilização da vacina em jovens da faixa etária referida.

Jovens são geralmente assintomáticos

Cody Meissner, seu colega no grupo de especialistas da FDA, foi o único que se absteve. Entende que os benefícios da vacina superam os riscos mas lembra que este é maior para os doentes de idade avançada. “É neste grupo que ocorre a maioria das mortes, a maioria das hospitalizações, a maioria dos internamentos em cuidados intensivos”, afirmou depois da votação, para acrescentar que no caso das pessoas abaixo dos 20 anos, “apesar de também ficarem infetadas”, poucas vezes chegam a ter sintomas.

Em relação aos testes, Meissner considera que terem incluído 163 adolescentes (com 16 e 17 anos) num universo de 44.000 pessoas “é um número muito pequeno”. Ainda por cima “sabendo-se que a cerca de metade foi administrado um placebo, o que reduz o grupo a uns 80 jovens realmente vacinados”.

Ofer Levy, diretor do Programa de Vacinação do hospital pediátrico de Boston, foi um dos 17 peritos que votaram a favor da recomendação do uso da vacina sem reservas. Em relação às dúvidas colocadas, considera que os testes envolveram um processo “rigoroso” de avaliação da segurança da vacina, “incluindo para os jovens de 16 e 17 anos”.

“Nenhum aspeto particularmente diferente a nível de segurança foi identificado para este grupo” quando comparado com indivíduos mais velhos, “então a maioria dos membros do painel sentiu–se confortável para votar ‘sim’”, disse Levy esta sexta-feira.

Scott Gottlieb, membro da direção da Pfizer e ex-presidente da FDA, também comentou as reservas manifestadas pelos peritos. Como as doses da vacina Pfizer-BioNTech vão ser limitadas no início, as preocupações levantadas em relação aos mais jovens são neste momento “discutíveis”, considerou.

“Esta vacina não será elegível para jovens de 16 e 17 anos durante um bom tempo”, disse ainda, citado por vários media norte-americanos.

A vacina da Pfizer e BioNTech deve ser a primeira a ser autorizada pelo regulador nos Estados Unidos. Entretanto foi já aprovada pelas autoridades de saúde no Reino Unido e Canadá.