Coronavírus

Reino Unido. Chama-se Margaret, tem 90 anos e é a primeira pessoa no mundo a receber vacina da Pfizer contra a covid-19

“Sinto-me tão privilegiada por ser a primeira pessoa vacinada contra a covid-19. Agora posso passar tempo com a minha família e amigos no próximo ano, depois de ter estado sozinha quase um ano”, desabafou Margaret Keenan (ou Maggie), que foi injetada com uma dose da vacina da Pfizer/BioNTech. "V-Day", o maior programa de vacinação do serviço de saúde público britânico, arranca esta terça-feira
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Faltavam 15 minutos para as 7h manhã. Margaret Keenan, Maggie para os amigos e família, entrou no hospital de Coventry, no Reino Unido, e esticou o braço para a enfermeira May Parsons fazer história e injetar-lhe a primeira dose da vacina da Pfizer/BioNTech para combater a covid-19. Foi a primeira pessoa no mundo a receber o medicamento, se excluirmos os voluntários que participaram nos testes. Está assim em marcha a maior campanha de vacinação lançada pelo serviço de saúde público britânico, conta o “The Guardian”.

O secretário da Saúde britânico, Matt Hancock, batizou esta terça-feira como “V-Day”, que tanto poderá ser uma alusão à II Guerra Mundial como à vacina, na esperança de este fármaco mudar o futuro do território e do mundo - uma dose de vacina de cada vez. Serão dadas 800 mil nas próximas semanas e até ao final do mês espera-se que tenham sido administradas cerca de quatro milhões de vacinas.

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Margaret Keenan, que trabalhou em lojas de joias e que só se reformou apenas há quatro anos, celebra os 91 anos na próxima semana. “Sinto-me tão privilegiada por ser a primeira pessoa vacinada contra a covid-19. É o melhor presente de aniversário antecipado que eu poderia desejar, pois agora significa que posso passar tempo com a minha família e amigos no próximo ano, depois de ter estado sozinha quase um ano”, desabafou Maggie, aqui citada pela BBC, que revela que a dose terá sido dada às 6h31 desta manhã.

E acrescentou: “Não poderia estar mais agradecida a May [Parsons, a enfermeira que lhe administrou a vacina] e ao staff do SNS que cuidaram de mim tremendamente, e o meu conselho a quem lhe ofereçam a vacina é que a tomem. Se a posso ter aos 90, então vocês também podem”.

O plano britânico

O Reino Unido, o território europeu mais afetado pela crise pandémica (com mais de 61 mil mortos e de 1,7 milhões de casos de infeção), é o primeiro país no mundo a ter autorizado a utilização da vacina anti-covid-19 desenvolvida pelo grupo farmacêutico norte-americano Pfizer e pela empresa alemã BioNTech e é o primeiro país ocidental a iniciar a sua campanha de vacinação.

Num comunicado divulgado no fim de semana, Matt Hancock precisou que os primeiros grupos que irão receber a vacina serão "os mais vulneráveis e aqueles com mais de 80 anos", bem como os funcionários de lares e residências seniores e do serviço de saúde público britânico.

As especificidades da vacina Pfizer/BioNTech, que necessita de uma conservação a 70 graus negativos, representam um desafio logístico, salientaram as autoridades sanitárias britânicas, que indicaram que as doses têm de ser transportadas por uma empresa especializada e que o respetivo descongelamento demora várias horas.

O Reino Unido encomendou 40 milhões de doses da vacina Pfizer/BioNTech, o que permite proteger 20 milhões de pessoas, uma vez que esta vacina se administra com duas doses. Numa primeira fase, estarão disponíveis 800 mil doses no Reino Unido.

Apesar da rapidez com que o regulador britânico aprovou a vacina Pfizer/BioNTech, a diretora-executiva do organismo, June Raine, reiterou que "os mais elevados padrões" internacionais foram aplicados.