Coronavírus

“Idosos serão uma prioridade neste primeiro período de vacinação”, garante secretário de Estado da Saúde

António Lacerda Sales respondeu a perguntas de jornalistas durante uma visita a Beja nesta sexta-feira, para acompanhar a situação epidemiológica na região

MIGUEL A. LOPES

“Os idosos serão uma prioridade neste primeiro período de vacinação.” A garantia é de António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, em declarações aos jornalistas esta sexta-feira durante uma visita a Beja, e um dia depois do Expresso ter noticiado que a proposta do plano de vacinação contra a covid-19 da DGS remete os idosos para o fim a lista dos grupos prioritários a receber a vacina.

“O Governo não tem por hábito comentar documentos internos que não são versões finais ou únicas”, referiu o secretário de Estado, garantindo que neste momento existem “diferentes peritos com diferentes propostas” sobre como organizar o processo de vacinação a nível nacional. “A proposta ainda não foi analisada pelo Ministério da Saúde. A seu tempo, com serenidade e ponderação, tomaremos a decisão política”, disse Lacerda Sales. Alguns países europeus já entregaram os seus respetivos planos, e a Comissão Europeia quer que tal aconteça até ao final deste mês de novembro.

Mas o governante reforça: a proposta da DGS “inclui todos os idosos de lares de terceira idade, sem limite de idade”, bem como profissionais de saúde, forças da autoridade, e cidadãos com comorbilidades médicas associadas. Sobre a polémica (incluíndo dentro da comunidade médica) que a proposta da DGS provocou, Lacerda Sales é perentório: “As explicações não sou eu que tenho que as dar. O ruído não faz bem”.

Lembrando que a aquisição e a chegada das vacinas é um processo “muito complexo” conjugado pela União Europeia, o secretário de Estado prometeu “uma grande campanha de vacinação” com “o objetivo de ter a maior cobertura possível”. “Não sabemos exatamente qual será o primeiro lote de vacinas”, referiu ainda, até porque “não nos vamos vacinar todos ao mesmo tempo” e “as vacinas chegarão por tranches”. “Portugal tem um histórico [em processos de vacinação] de que nos orgulhamos muito, e certamente essa experiência será muito útil”, congratulou-se.

Neste momento, Portugal já fechou quatro contratos com empresas farmacêuticas a produzir vacinas contra a covid-19: AstraZeneca, Sanofi, Johnson and Johnson, e Pfizer. A vacina desta última necessita de ser armazenada em temperaturas entre os -80ºC e os -70ºC negativos para funcionar, mas Lacerda Sales garante que no país já “existem estruturas para armazenar” a referida vacina nessas temperaturas. “Isso não será um problema”, confirmou, sem dizer quais são essas estruturas.

Surto no INEM “controlado”

O secretário de Estado foi ainda questionado sobre um surto de covid-19 entre profissionais do INEM em Lisboa: 39 pessoas estão em quarentena e 16 trabalhadores do CODU de Lisboa estão infetados, entre os quais 14 Técnicos de Emergência Pré-hospitalar (TEPH) e dois médicos. “O surto está controlado. Muitos dos positivos nem sequer o foram em contexto de trabalho”, respondeu Lacerda Sales, avançando que caso seja necessário desinfectar o CODU de Lisboa em questão “não haverá problema”, dado que a região tem outros CODU em funcionamento. Mas o surto não está a provocar constrangimentos no trabalho do CODU? Não, diz Lacerda Sales, “que eu tenha conhecimento”.

Mesmo reconhecendo que “parece haver” uma estabilização da pandemia, o secretário de Estado faz o apelo: “Não podemos baixar a guarda. Os serviços de saúde e as unidades de cuidados intensivos estão muito pressionados” e “a solução está em cada um de nós, na nossa consciência social e coletiva.” Nesse âmbito, o governante agradeceu o papel das Forças Armadas no apoio à gestão da pandemia, bem como o trabalho que tem sido feito pela Administração de Saúde do Alentejo e pela Unidade de Saúde do Baixo Alentejo, cujo Hospital Dr. José Joaquim Fernandes, em Beja, foi recentemente alvo de uma reestruturação de serviços para melhor responder à pandemia.