O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou esta sexta-feira "uma ideia tonta" a proposta para que os mais idosos não seja prioritários na vacinação contra a covid-19, sublinhando que ainda "não há plano nenhum aprovado".
"Não há decisão nenhuma, muito menos há uma decisão que seja uma decisão tonta", afirmou o chefe de Estado, em declarações à agência Lusa, à entrada para um almoço com empresários da restauração, em Évora.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que tem acompanhado com o primeiro-ministro os trabalhos preparatórios do plano de vacinação para a covid-19 e vincou que o documento, "antes de ser aprovado, tem de ser submetido ao Governo" e, depois, "o primeiro-ministro dará conhecimento ao Presidente da República".
"Aquilo que tenho visto especular, nalguns aspetos, é, no fundo, dizer que há fatias do povo português pela sua idade que não têm acesso urgente ou prioritário à vacina, como tenho visto formulado, é uma ideia tonta", referiu.
O chefe de Estado notou que "é de presumir que as pessoas responsáveis não tenham ideias tontas", insistindo que "até agora não há plano aprovado" e que "tudo o que seja dito é pura especulação técnica, científica, social, política".
"Não há plano nenhum aprovado, muito menos nos termos que tem vindo ser anunciado e que são muito diferente daquilo que se tem feito ou está a ser feito por toda a Europa", acrescentou.
Esboço da DGS deixa idosos de fora
O primeiro plano da Direção-Geral da Saúde (DGS) para vacinar os portugueses contra o novo coronavírus coloca a população mais vulnerável à infeção no fim da lista de prioridades. Os idosos acima dos 65 anos devem ser protegidos depois de quatro grupos na primeira linha, incluindo as pessoas saudáveis e com uma idade menos avançada, entre os 60 e os 64 anos.
Depois do chumbo liminar deste primeiro esboço pelos 22 peritos do Conselho Nacional de Saúde Pública, por excluir da lista de prioritários os cidadãos acima dos 65 anos - o que ocorreu na semana passada -, a DGS alterou a proposta, embora mantendo de fora da linha da frente a população mais idosa.
Numa nova versão, que o jornal “Público” adianta também esta sexta-feira, a exclusão inicial a partir dos 65 anos é apenas reduzida, passando a vigorar acima dos 75. Mais uma vez, a justificação volta a ser o facto de não estar ainda demonstrada, quer pelas farmacêuticas quer pela Agência Europeia do Medicamento, a eficácia da imunização nas faixas etárias mais avançadas.
Outra das alterações ao primeiro documento é a inclusão dos utentes de lares na dianteira da vacinação, e não apenas dos prestadores de cuidados a quem está institucionalizado como fora apresentado.