“Não era humanamente possível fazer isto mais rápido”: quem o garante é o diretor médico da Moderna. O mundo assiste, mais ou menos confinado, a uma corrida por parte de laboratórios de todo o mundo lançados na tentativa de obter a cura para a covid-19. Depois de, na passada semana, a Pfizer ter anunciado que os resultados preliminares da vacina que está a desenvolver apontavam para uma eficácia de 90%, esta segunda-feira foi a vez da Moderna divulgar ao mundo que a solução por si desenvolvida tem quase 95% de eficiência.
“A vacina pode ser mantida a temperaturas que todos conseguimos obter no nosso frigorífico doméstico”, enalteceu Tal Zaks, diretor médico da empresa biotecnológica, durante uma entrevista no podcast “Axios Re:Cap”.
O responsável acrescenta que “não é necessário qualquer equipamento especial”, ao contrário do que acontece com a vacina anunciada pela Pfizer, que necessita de ser mantida a uma temperatura de 70 ou 75 graus negativos. “Esse é um elemento importante para a minha confiança de que conseguiremos abastecer o mercado com centenas de milhões de doses”, frisou Tal Zaks, confiante de que “a autorização chegará nas próximas semanas”.
“É uma vacina muito precisa. Considero que essa precisão irá traduzir-se numa grande segurança”, acredita o diretor médico da Moderna, mas admite que “levará tempo para demonstrar isso”.
“Não há nada de político aqui”
Aos mais receosos sobre eventuais efeitos adversos de uma vacina produzida em tão pouco tempo, Tal Zaks reconhece que “existem riscos que ainda não conhecemos” e que “precisaremos de anos para isso”.
O especialista afirmou igualmente que a empresa “reforçou a cadeia de distribuição na Europa” e mostra-se otimista: “estamos prontos para distribuir em larga escala”. Afasta também qualquer colagem política à data para a Moderna divulgar a informação - só depois de terminada a corrida à Casa Branca. Questionado sobre a possibilidade de a empresa ter trancado o anúncio da vacina até agora, Tal Zaks assegurou: “Tive a informação nas minhas mãos há menos de 24 horas”.
A resposta valeu alguns risos de quem o entrevistava, o que levou o diretor médico clarificar: “Não há nada de político ou conveniente aqui. A minha mãe tem mais de 80 anos e eu queria estes dados divulgados o quanto antes. Trabalhamos noite e dia, sete dias por semana. E não somos apenas nós, mas também os nossos parceiros e voluntários”.