Após reunir com vereadores, forças de segurança e os presidentes dos conselhos de administração dos hospitais de São João e Santo António, na tarde desta quarta-feira, o presidente da Câmara do Porto revelou que vai esperar pelas deliberações do Conselho de Ministros extraordinário, do próximo sábado, para saber que novas restrições concretas serão impostas ao país no combate à pandemia, antes de anunciar medidas no Porto.
Numa mensagem gravada e divulgada no Facebook, o autarca defendeu que “não é razoável a aplicação de medidas avulsas localmente”, advertido para o risco “da frustração coletiva da população em relação a medidas que não entendam”. Sem apontar o dedo aos autarcas que hoje anunciaram restrições locais, como Luísa Salgueiro, em Matosinhos, ou Eduardo Vítor Rodrigues, que defendeu o recolher obrigatório, a mensagem de Moreira não deixa de ser uma crítica aos presidentes dos municípios vizinhos, que recomendam ao Governo que declare novo estado de emergência para travar a pandemia.
O autarca independente avança, por isso, que se deve aguardar pelas medidas a decretar pelo Governo da República, “que é quem tem competência para decretar medidas de combate à covd-19, por mais penosas que sejam”. Só após perceber que competências caberão aos autarcas, Rui Moreira irá divulgar na próxima semana restrições para o Porto.
Em plena segunda vaga pandémica, e apesar de lembrar que só o confinamento geral é eficaz para estancar a epidemia, o presidente da Câmara do Porto sublinha, no entanto, que tal decisão teria “um impacto altamente pernicioso” para a economia e a nível social para o país. “As consequências seriam ainda mais graves para as famílias e empresas que já estão em sofrimento”, diz, referindo que agora a solução terá de ser mais morosa para debelar a crise.
Para travar a propagação, o autarca portuense fez um apelo à alteração de comportamentos individuais, apelando em especial ao espírito de solidariedade dos mais jovens para com os mais velhos. “Quem tiver estado em contacto com um infetado ou uma pessoa com sintomas como febre ou tosse nas últimas 48 horas, avise os amigos e familiares”, pediu Rui Moreira, que advertiu ainda que, apesar de a infeção ser pouco letal entre os mais novos, é urgente não esgotar a capacidade de resposta das instituições de saúde, até porque “poderão necessitar de cuidados devido a outras doenças ou se sofrerem um acidente”.
“Não é o momento para festas e convívios. O regresso à normalidade depende da nossa capacidade de sacrifício”, alertou, enquanto à população em geral apelou ao respeito pelas autoridades de segurança e aos profissionais de saúde que “há meses trabalham para além das suas normais funções”. Segundo Moreira, os centros de saúde têm sido confrontados com situações de “epidemia de violência” por parte de alguns utentes.
Para evitar atrasos nas vacinas da gripe, o autarca referiu que a Câmara do Porto fez uma protocolo com a Associação Nacional de Farmácias para que as vacinas sejam aplicadas nas farmácias para não sobrecarregar os centros de saúde.