“Preparar o pior e esperar o melhor” tem sido uma das frases mais repetidas por responsáveis políticos e autoridades de saúde a lidar diretamente com a pandemia de covid-19 em Portugal. Esta quarta-feira foi a vez de António Lacerda Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde.
Questionado sobre a previsão da Oliver Wyman, empresa que presta consultoria a entidades públicas como o Governo brasileiro, de que vem aí um pico que pode chegar a 1.700 casos diários em Portugal, foi assim que respondeu.Precisamente: “preparar o pior e esperar o melhor”.
Em entrevista à SIC Notícias, Lacerda Sales não se comprometeu quanto a números, tão pouco quanto à pergunta que tem sido igualmente repetida: chegámos à segunda vaga? “As designações, por vezes, são muito subjetivas”, respondeu, puxando de duas folhas de gráficos: uma com a evolução da pandemia em Espanha — “há uma onda, um aplanamento, e depois uma segunda onda praticamente simétrica” —, e o desenho do caso português, que, garante, conta outra história.
Ainda que recorrendo a exemplos vindos de fora, o secretário de Estado garantiu a autonomia completa das autoridades nacionais. “Temos aprendido muito com a experiência de outros países, mas pensamos pela nossa cabeça”, diz. “Estamos a apresentar até ao fim da semana o plano outono/inverno”, reforçou, garantindo que os prazos têm um motivo: “Plano destes têm também um objetivo comunicacional. É como uma vacina: não podemos administrar excessivamente antes porque senão perde imunicidade.”
No dia em que Portugal superou os 70 mil casos desde o início da pandemia e voltou a ficar acima dos 800 diários, o responsável do Governo garantiu que o país não está “refém da covid” e elogiou o “comportamento exemplar” do “povo português”. É desse povo que “depende o sucesso” da contenção da pandemia.