Um documento enviado esta semana pela Associação Nacional de Cuidados Continuados Integrados (UNCC) ao secretário de Estado-Adjunto da Saúde alerta para as dificuldades de funcionamento destas instituições e pede uma reunião urgente com a tutela. Em causa, sobretudo, problemas com a falta de recursos humanos especializados.
"O mais grave de todos é a falta de enfermeiros porque não os há no mercado de trabalho. Há, por exemplo, UNCC com zero enfermeiros nos quadros e a funcionar com enfermeiros que vêm, de hospitais e de outras unidades de saúde, fazer turnos consoante a sua disponibilidade", pode ler-se no comunicado emitido pela ANCC. O texto refere ainda que "há situações de enfermeiros a fazer dois turnos seguidos e a estarem duas semanas sem folgar, já aconteceu, inclusive, fazerem turnos de 24 horas. Isto para que os doentes não fiquem sem os cuidados mínimos que necessitam".
O segundo problema referido no texto a que o Expresso teve acesso é "o subfinanciamento que se arrasta há anos e que se agrava a cada ano que passa, ainda para mais com a subida de custos exponencial provocada por esta pandemia".
A associação conclui afirmando que "se por qualquer um destes motivos houver 'meia dúzia' de UNCC a fechar e que sejam de dimensão média, isto levará a que centenas de doentes tenham de ser encaminhados para os hospitais, o que, durante o inverno, poderá levar ao colapso de alguns hospitais".
A recente entrevista da ministra da Saúde à RTP é também alvo das críticas da associação. "Referiu que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi reforçado com mais profissionais. Não sabemos se foi por lapso, ou por outro motivo qualquer, mas tal não é verdade. Efetivamente os hospitais públicos têm vindo a ser reforçados mas não o SNS. Porque o SNS é um todo e dele fazem parte diversas unidades de saúde, entre as quais as Unidades de Cuidados Continuados Integrados e, neste caso concreto, os hospitais públicos têm tirado às UCCI diversos profissionais de saúde, nomeadamente enfermeiros, mas também auxiliares de ação médica, uma vez que não há estes profissionais em número suficiente no mercado de trabalho".