Marcelo Rebelo de Sousa falou aos jornalistas numa escola em Olhão, no Algarve, e deu uma espécie de pontapé de saída no arranque do ano letivo, admitindo depois que será expectável o país superar os 1.000 casos diários de covid-19 - tal como o próprio António Costa já tinha antecipado.
“Foi uma semana que era uma incógnita para todos. Ao fim de uma semana podemos dizer que a resposta foi uma resposta muito positiva da parte de todos os portugueses”, começou por dizer sobre o arranque das escolas no país.
“Estamos a viver uma pandemia que está muito longe do fim”, continuou. “Nenhum de nós sabe se estaremos a metade do percurso da pandemia, se passámos metade, se estamos aquém da meta. Temos muitos meses pela frente e tivemos muitos meses atrás. Sabemos que esta fase é muito difícil, com mais números, que vão subindo. Estamos nos 700, poderão estar nas semanas seguintes em mais de 1.000, o que aconteceu em vários países com muitos milhares. A grande maioria é constituída por gente nova e sabemos que o Serviço Nacional de Saúde não mostra stresse neste momento, em termos de internamentos e cuidados intensivos, e também que o número de mortes é relativamente baixo, mesmo num dia quando há um número mais elevado.”
O Presidente da República fala num “momento difícil” e garante que a atividade económica “não pode parar”, tal como acontecerá idealmente com o ensino presencial, mesmo sabendo-se que ambas as atividades convocam grupos, o que, apesar das regras, “provoca inevitavelmente uma forte possibilidade de haver mais casos”. Temos de fazer um esforço para, fora da escola e dos locais de trabalho, até nas festas familiares ou naquilo que são formas de encontros de amigos, proceder a uma certa contenção limitada”.
Marcelo congratulou-se ainda por a linha vermelha definida por António Costa, o número de mortes por covid-19, estar longe. “Não estamos perto de qualquer linha vermelha nessa matéria. Temos um controlo do chamado stresse sobre as instituições de saúde.”
PR "feliz" com a justiça
Marcelo foi ainda questionado sobre os casos de justiça, nomeadamente a Operação Lex, que se traduziu esta sexta-feira na acusação de Luís Filipe Vieira, o presidente do Benfica, três juízes e ainda outros 13 acusados. Sobre isso, não querendo comentar casos de justiça, o PR deixou claro que está “feliz” por assistir, durante o seu mandato, “a passos da justiça portuguesa em inúmeros casos relevantes”, nomeadamente Operação Marquês, caso BES, Tancos e agora a Operação Lex.
“Para aqueles que diziam ou teimam que em casos mais complexos, ou mega-processos ou mais sensíveis, que a justiça estava bloqueada e não ia avançar porque não podia, não queria ou não era capaz, eu, como Presidente da República, fico feliz independentemente do que suceda na tramitação destes processos”.