Coronavírus

Covid-19. A propagação das apps de rastreio na Europa: um sucesso ou um fracasso?

À semelhança do que aconteceu em Portugal, com o lançamento da aplicação móvel “Stayaway Covid”, plataformas do mesmo género para o rastreio de possíveis contactos com o vírus incubaram na Europa. As experiências de utilização variam de país para país

Disponibilizada este mês de setembro, a app de rastreio de contactos “Stayaway Covid” já foi descarregada por 660 mil portugueses (6,6% da população nacional), de acordo com José Manuel Mendonça, responsável pelo desenvolvimento. “Uma vez instalada a aplicação, o telemóvel anuncia a sua presença a todos os dispositivos próximos usando identificadores aleatórios que não revelam identidades pessoais”: a garantia é dada na página de internet desta plataforma. Ainda em período de incubação em Portugal, os sistemas de rastreio já se propagaram um pouco por toda a Europa. Vejamos os números e o impacto destas aplicações móveis em vários países, para perceber se o uso está a ser um sucesso ou um fracasso.

Espanha

Mesmo aqui ao lado, “nuestros hermanos” contam com o “Radar Covid”, aplicação que exige a ativação permanente do bluetooth. A aplicação ainda não se encontra operacional de forma plena, uma vez que em algumas comunidades autónomas ainda não se encontra operacional o sistema de alertas, situação que deverá ficar resolvida durante o mês de setembro. Mesmo assim já chegou a 2,6 milhões de espanhóis no final do mês de agosto, o que equivale a 5,5% da população. O Governo espanhol também já fez saber que pretende iniciar na segunda quinzena de outubro ensaios para a interoperabilidade da aplicação "Radar Covid" com outras do mesmo género, noutros países europeus, segundo a agência EFE.

Alemanha

Lançada em junho, a plataforma alemã é encarada como “uma ferramenta importante para manter os índices de contaminação baixos”, de acordo com o porta-voz do Governo germânico, Steffen Seibert, que adverte não ser a “cura para tudo”. Uma das principais preocupações que estas apps de rastreio geram nos utilizadores prende-se com a segurança e controlo de privacidade, mas numa população zelosa neste campo, a realidade é que no início de setembro a app já tinha sido descarregada 17,8 milhões de vezes (21% do total populacional). O sistema foi, no geral, bem acolhido pelos alemães, mesmo por parte dos defensores aguerridos da privacidade, como o grupo Chaos Computer Club.

Suíça

“SwissCovid” é o serviço homólogo disponibilizado na Suíça, desenvolvido pela Universidade de Lausanne e que começou a ser testado a 25 de maio, somando já 2,3 milhões de downloads, com 1,6 milhões de utilizadores ativos (19% da população).

Itália

“Immuni” foi desenvolvido em Itália, tendo sido instalado por 5,4 milhões de italianos, o que equivale a 14% do número total de potenciais utilizadores.

Islândia

Nas terras frias da Islândia, foi quente a procura pela plataforma de rastreio, tendo sido instalada por 40% da população logo após o lançamento.

França

O mesmo sucesso não foi, contudo, replicado em França, com a app “StopCovid”, lançada também no início de junho, mas que em meados de agosto contava apenas com 2,3 milhões de utilizadores (3,5% dos franceses). Até à atualidade, o sistema permitiu sinalizar uns escassos 72 possíveis contactos de risco, um valor irrisório face aos 1129 utilizadores que testaram positivo. A app gaulesa foi também criticada por especialistas no que diz respeito à proteção de dados.

Noruega

Também este país do norte europeu decidiu desativar a aplicação de rastreio concebida localmente, decisão motivada pelo facto de a agência nacional de proteção de dados a ter considerado “muito intrusiva”. Investigadores daquele país nórdico estão a reformular uma solução, que se espera poder ser lançada antes do Natal, não descartando o recurso a tecnologia da Google e da Apple.

Reino Unido

Igual desilusão foi verificada no Reino Unido, que testou uma app de rastreio pela primeira vez em maio, mas acabou por desligar o sistema de proteção em junho, uma vez que o modelo foi considerado disfuncional. Até então, nenhuma outra tecnologia similar foi disponibilizada em Terras de Sua Majestade, com exceção para a Irlanda do Norte, onde no final de julho foi lançada uma plataforma, descarregada mais de 300 mil vezes até 26 de agosto.