O primeiro doente que deu entrada com covid-19 nos Cuidados Intensivos do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, era um homem com excesso de peso. Depois de dois meses de internamento e de terem sido utilizados todos os recursos terapêuticos, acabou por morrer. Passados cinco meses, já é possível afirmar que a obesidade é um fator de agravamento da infeção. “Estamos no emergir de uma doença nova e todos os sinais do ponto de vista clínico, tendo em conta a experiência do nosso internamento nos cuidados intensivos, indicam que a obesidade parece estar associada à prevalência de situações mais críticas”, afirma João Ribeiro, diretor do Serviço de Medicina Intensiva do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), de que faz parte o Santa Maria.
Enquanto entre a população em geral, cerca de 20% dos doentes acabam por ter um quadro agravado que obriga ao internamento nos cuidados intensivos, no Santa Maria esse total sobe para cerca de 35% no caso dos obesos. “Os números internacionais apontam para cerca de 27% e esses resultados em Portugal refletem o retrato da nossa população, o que parece revelar um marcador de risco clínico”, alerta o médico.