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Coronavírus

Covid-19. Neurocirurgião Rui Vaz: “Este vírus não segue o padrão de outras infeções”

Rui Vaz, neurocirurgião no Hospital de São João, fala do receio do inverno, do comportamento ainda imprevisível do novo vírus e da importância da ética em cada gesto e atitude

Faz parte do restrito grupo de médicos com capacidade para tocar num cérebro vivo. Rui Vaz, neurocirurgião no Hospital de São João, no Porto, pioneiro na investigação da estimulação cerebral profunda, nunca parou de operar durante a pandemia. Em entrevista ao Expresso, fala da forma como o vírus atinge o sistema nervoso central e de tudo o que ainda falta saber. E diz que todas as áreas da medicina serão necessárias no tratamento destes doentes.

Quando a pandemia chegou a Portugal, saiu do bloco operatório?
De um momento para o outro fomos confrontados com menos recursos: menos colegas de cuidados intensivos, camas, exames, enfermeiros... Foi necessário fazer uma diferente distribuição de recursos para dar uma resposta eficaz aos doentes covid, com impacto direto na neurocirurgia. Os casos urgentes continuaram a ser tratados, mas reduzimos a atividade cirúrgica em cerca de 50%. Os doentes com tumores cerebrais foram tratados sem qualquer atraso. Mas houve áreas que tiveram de parar. As cirurgias aos tumores da hipófise e à coluna passaram praticamente para zero, com exceção dos casos oncológicos e dos riscos de paralisia. Também parou a cirurgia das doenças do movimento, como o Parkinson e a epilepsia, com exceção dos doentes cujas baterias estavam a acabar, para não ficarem ‘desligados’.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.