A Rússia anunciou ter registado a primeira vacina contra o novo coronavírus, mas Jorge Gonçalves, diretor do laboratório de Farmacologia da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, não está particularmente otimista. Também não o preocupam as reservas colocadas perante a celeridade russa - prefere colocar a tónica na necessidade de revisitar o que a ciência já nos ensinou, para que o mundo não embarque em caminhos cegos, ou corra atrás de supostas soluções que ignorem factos estudados.
A resposta para a doença, alerta, pode não estar na produção de anticorpos. Recomenda olhar para o mecanismo da infeção e para os seus efeitos pulmonares dramáticos em determinados doentes. E se o vírus não for o principal responsável?
A Rússia anunciou ter registado uma vacina contra o novo coronavírus, sendo o primeiro país a fazê-lo, perante as reservas manifestadas por vários investigadores e a própria Organização Mundial da Saúde. O mundo deve estar entusiasmado ou preocupado com este anúncio?
Na verdade, na minha opinião, nem uma coisa nem outra. Estão a ser testadas muitas vacinas, e parece que grande parte delas estão a revelar-se muito eficazes a induzir a produção de anticorpos contra o vírus. Acredito que a vacina russa possa ser igualmente eficaz neste domínio. Mas há uma grande diferença entre produzir anticorpos contra o vírus e conseguir proteção contra a doença.