Noventa e sete mil. É o número de crianças norte-americanas que foram identificadas como tendo sido infectadas pela covid-19 só nas últimas duas semanas de julho. A informação acaba de surgir na imprensa americana, citando um relatório da Academia Americana de Pediatria e a Associação de Hospitais de Criança.
Inquietante, a estatística surge numa escola em que se discute com cada vez mais intensidade em muitas partes dos EUA, como noutros países, a eventual decisão de reabrir o ensino presencial, e quando cenas de zonas interiores atulhadas de gente em escolas já reabertas têm sido associadas a novos surtos do vírus.
Sabe-se que as crianças não são imunes ao Sarv-Cov-2 (ao contrário do que sugeriu recentemente o presidente Trump), embora tenham uma probabilidade de contrair a doença muito menor que a dos adultos, sobretudo nas idades abaixo dos dez anos. Quanto à questão de contagiarem os adultos, a ciência parece ainda não ser inteiramente clara, mas vários estudos, incluindo um realizado na Coreia do Sul, apontam claramente nesse sentido.
Os números do relatório agora publicado incluem informação referente a 49 estados e outros três territórios. Excluído ficou o Texas. A definição de criança que foi usada variou conforme o estado, abrangendo idades cujo limite máximo oscila entre os 14 anos anos (Utah, Florida) e os 24 (Alabama).
Segundo o "New York Times", mais de sete em cada dez das infeções em causa aconteceram no sul e no oeste do país. Citando o Centers for Disease Control, o jornal chama a atenção para o chamada Síndrome Inflamatório Multisistema em Crianças, uma condição que produz sintomas como febre, fraqueza muscular e problemas cardíacos.
Até ao final de julho foram atingidas por essa condição 570 crianças, dois terços das quais precisaram de ser internadas em unidades de cuidados intensivos. Dez delas faleceram.