No início do mês, cerca de uma semana após a recomendação da Agência Europeia do Medicamento (AEM), o antiviral remdesivir foi aprovado pela Comissão Europeia (CE) para o tratamento da covid-19 em doentes graves a precisar de reforço de oxigénio. Usado em alguns países, como Portugal, desde março, o fármaco reduz o tempo de internamento em seis dias, em média, segundo o grande estudo feito em abril, com mil pacientes, pelo Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, cujo diretor é Anthony Fauci, conselheiro da Casa Branca.
Em entrevista ao Expresso, Vitor Papão, diretor geral da Gilead Portugal, a farmacêutica que criou o remdesivir para ajudar a superar crises como a do ébola, explica a venda de quase 100% da produção dos próximos três meses aos EUA (100% em julho, 90% em agosto e setembro) e lembra o tempo recorde em que a produção e o estudo têm sido feitos. Foi preciso “inverter o processo”, produzir primeiro e estudar depois. “Caso não tivéssemos tomado essa decisão, hoje não teríamos medicamento.”