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Coronavírus

As mazelas da covid: “Há pessoas que mal conseguem falar, têm exaustão extrema, desequilíbrio e apenas recordações vagas do que aconteceu”

Vítor Passos corria muito mas agora só consegue caminhar, “o coração ainda não aguenta”, e cansaço é também o que mais sente Joana Pinto. Irene Aragão não, isso já passou, mas o olfato ainda não lhe voltou e não sabe se voltará. Os três estiveram infetados com covid-19 e embora descrevam alterações já conhecidas há outras que os especialistas começam a conhecer. “O que estamos agora a perceber é que as sequelas não são só físicas mas também neurológicas e psiquiátricas”

MÁRIO CRUZ/LUSA

Vítor Passos conseguia correr durante uma hora “mas agora nem cinco minutos”. Já não tem tosse, nem intensa, “na altura quase nem conseguia respirar”, também já não tem as dores musculares a pesar-lhe no corpo com que deu entrada no dia 27 de março no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, infetado com o vírus da covid-19. Esteve internado cinco dias nos cuidados intensivos, a respirar com a ajuda de um ventilador, em coma induzido, outros tantos na enfermaria, perdeu 10kg, “muita massa muscular”, ficou sem forças” e foi “um bocado abaixo”, mas a verdade é que dias depois, a 9 de abril, estava a sair do hospital e a caminho de casa. Diz quem o conhece que foi um “milagre” ter sobrevivido, ele não diz nada.