“Quem decide sobre a abertura da fronteira portuguesa é naturalmente Portugal.” A garantia foi deixada por Augusto Santos Silva, que em declarações à Lusa, disse ter sido surpreendido com o anúncio de que Espanha iria abrir as fronteiras terrestres com França e Portugal já a 22 de junho. O ministro dos Negócios Estrangeiros acrescentou ainda que já estão a ser pedidos “esclarecimentos ao Governo de Espanha”.
“Fomos surpreendidos com estas declarações da ministra responsável pelo Turismo [de Espanha], que 'anuncia' a reabertura da fronteira entre Portugal e Espanha para o próximo dia 22 de junho”, disse Augusto Santos Silva, frisando que o anúncio "não se inscreve" no quadro de "cooperação estreita" entre os dois Governos para a gestão da fronteira comum. “Quem decide sobre a abertura da fronteira portuguesa é naturalmente Portugal e Portugal quer fazê-lo em coordenação estreita com o único Estado com o qual tem uma fronteira terrestre, Espanha.”
Esta quinta-feira a ministra do Turismo espanhol anunciou a reabertura das fronteiras terrestres. “No caso de França e Portugal, queremos também confirmar que a partir de 22 de junho vão ser levantadas as restrições de mobilidade terrestre”, disse Reyes Maroto durante uma conferência de imprensa com os órgãos de comunicação social estrangeiros, aqui citada pela France Presse. Se isto acontecer, sublinha ainda o jornal “El País”, estas vão ser as primeiras restrições de mobilidade a serem levantadas em Espanha.
Anteriormente, Pedro Sanchéz havia anunciado que possivelmente a abertura de fronteiras de forma geral podiam ser levantadas, eventualmente, a 01 de julho. Uma data que, aliás, chegou a ser comentada por Eduardo Cabrita, admitindo a possibilidade de também estender o encerramento das fronteiras até ao final do mês (atualmente o que está previsto oficialmente é que as fronteiras portuguesas permaneçam encerradas até 15 de junho).
Fontes governamentais, citadas pelo “El País”, admitiam que a data indicativa de 01 de julho poderia ser antecipada no caso das ilhas Baleares e Canárias por serem zonas com uma grande dependência económica do turismo estrangeiro e também por terem sido menos afetadas pela covid-19.
Na mesma conferência de imprensa, esta quinta-feira, a ministra do Turismo apontou também que está a ser considerada a possibilidade de “eliminar as quarentenas obrigatórios” de 14 dias para quem chegue de Portugal ou Espanha.
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde, questionada durante a habitual conferência de imprensa diária, considerou que poderia ser possível abrir fronteiras entre países vizinhos cujas situações pandémicas não estivessem muito diferentes. No entanto, falar da reabertura das fronteiras aéreas, já seria “algo mais complexo”.