As Nações Unidas descreveram o Iémen como “a pior crise humanitária do mundo” numa altura em que o coronavírus SARS-CoV-2 estava ainda longe de surgir e de fazer manchetes. O país está em guerra civil desde o final de 2014, quando os rebeldes houthis, apoiados pelo Irão, assumiram o controlo do norte, incluindo a capital, Sanaa. A vizinha Arábia Saudita e os seus aliados intervieram no conflito no ano seguinte para recuperarem o terreno conquistado pelos rebeldes e restaurarem o Governo do Presidente Abd Rabbuh Mansur Al-Hadi. Ambas as fações reclamam para si o poder executivo.
Desde então, mais de 112 mil pessoas morreram como resultado direto da violência, incluindo mais de 12.600 civis visados em ataques. Milhões de iemenitas não têm acesso a alimentação e cuidados básicos de saúde. O novo coronavírus veio agravar a situação num país que em 2019 viveu o segundo ano mais mortífero do conflito, de acordo com a organização não-governamental (ONG) Armed Conflict Location & Event Data Project. Os números oficiais da pandemia de covid-19, a doença associada ao SARS-CoV-2, dão conta de 233 casos confirmados de infeção, 44 mortos e 10 recuperados no Iémen, mas estes dados estarão muito aquém da realidade.