As receitas do universo da moda poderão ter um tombo de 300 mil milhões de euros (15,2%) este ano devido ao impacto da covid-19, avança um estudo da consultora GlobalData recebido com preocupação pela indústria têxtil portuguesa, que viu as exportações caírem 6,4% no primeiro trimestre, pressionadas pela descida de 19% no mês de março.
Os 10 mercados mais afetados pelas medidas de contenção que ditaram encerramentos de lojas e retração no consumo na reabertura responderão por 85% das perdas totais e, neste grupo, estão alguns dos principais clientes da indústria nacional, como Espanha, França, Alemanha, Itália ou EUA, refere o estudo.
Se, no primeiro trimestre, as exportações lusas de têxteis e vestuário caíram 6,4% face a período homólogo, para os 1,277 mil milhões de euros, Espanha, um mercado que vale quase um terço das exportações nacionais, perdeu 11,1% ou 45,2 milhões de euros. Em França, a quebra foi de 5,6%, no Reino Unido atingiu os 9%, em Itália rondou os 7,2% e na Alemanha ficou nos 1,3%
Já dos EUA, vieram boas notícias, com uma subida de 5,4% (4.6 milhões), assim como da Suíça (+15,9%), da Bélgica (+ 9,6%), da Dinamarca (+8,7%) e da Nicarágua (+140%).
A análise dos números mostra que o vestuário, responsável por quase metade das exportações nacionais da fileira, foi a categoria que mais desceu, protagonizando uma queda de 8,1%, a que correspondem 66 milhões de euros.
"Estes números mostram já os desafios que a indústria de vestuário e os seus empresários terão de enfrentar e as quedas irão repetir-se nos próximos meses", comenta César Araújo, presidente da ANIVEC, certo de que o sector terá de "reinventar-se para sobreviver". Os empresários "vão fazer o seu papel para ultrapassar esta crise, como já fizeram noutros períodos menos bons, mas para recuperar será essencial o apoio do Estado e o regresso da procura por parte dos mercados europeus, que são os nossos principais clientes", sustenta.