Nunca vira cotonetes tão grandes e eles nunca lhe serviram para limpar o nariz. Na sala dos rastreios, L. encara com hesitação os três mascarados à sua frente. Apenas um se aproxima, irreconhecível, de cógula, máscara, viseira, bata e luvas, tudo azul.
Apesar de ter uma voz doce, de mulher, cabe-lhe a tarefa ingrata de enfiar um destes cotonetes compridos no nariz da adolescente com deficiência e uma camisola às riscas. L. engalfinha-se com as mãos do pai, que a tentam suster.
Não é birra, diz Lurdes Teixeira, enfermeira chefe da urgência pediátrica do Hospital de São João. Chegar com uma zaragatoa à oro e à nasofaringe de uma criança é comummente mais difícil do que fazê-lo num adulto, cujas vias respiratórias, já maduras, são naturalmente mais largas. Mas passou rápido e “até se portou muito bem”, gaba a enfermeira. Chega depois a segunda fase do teste diagnóstico, menos difícil: repetir a dose na garganta.