Em tempos de confinamento, saber-se que está para chegar uma vaga de calor talvez não seja fácil de digerir. Os dias caseiros frustram, apetece arejar e caminhar, mas a realidade ainda pouco mudou. Ainda há regras para congelar a propagação da covid-19: apesar do levantamento do estado de emergência (no dia 2), está proibido galgar as fronteiras entre concelhos no próximo fim de semana grande.
O mercúrio nos termómetros vai subir principalmente no domingo, no dia da mãe. Em algumas regiões, como Alentejo Interior e Ribatejo, poderá chegar aos 33ºC. Comecemos por aqui: porque vai fazer tanto calor?
“Vamos ter a influência de um anticiclone”, começa a explicar ao Expresso Ângela Lourenço, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). “Vai colocar-se numa posição que permite que o território do continente seja afetado por uma massa de ar, que vem de sul. Isto significa, na maior parte das vezes, que é ar quente e seco. Vem da região do Norte de África.”
De acordo com esta meteorologista, esse fenómeno vai notar-se sobretudo dia 3 (domingo), 4 e 5 de maio. Haverá essa influência de ar quente seco e a temperatura, por consequência, vai subir. “Em alguns locais a subida é abrupta ou acentuada.”
Para além do mencionado acima, alguns pontos do Vale do Douro podem superar os 30ºC. O restante território vai variar, em termos médios, entre os 25ºC e os 30ºC. “Junto às praias as temperaturas são mais baixas, na ordem dos 20º, 22º, 23º, 24ºC... É a influência do ar marítimo.” Antes disso, nos dias 1 e 2, poderá ocorrer chuva nas regiões Norte e Centro, em particular no Minho e Douro Litoral.
A situação será temporária, explica Ângela Lourenço, pois a partir de 5 e 6 de maio vai observar-se uma descida gradual das temperaturas. “Não sendo uma situação comum, não posso dizer que seja anormal. Todos os anos temos, durante a primavera, episódios de tempo quente. Por vezes, esses episódios até vêm mais cedo. Nos anos anteriores, não no ano passado, tivemos episódios de calor em fins de semana em abril e março.” O tempo seco, nesses casos, prolonga-se normalmente por dois, três ou quatro dias.
PSP: “As zonas balneares vão ser zonas que vão merecer muita atenção”
O calor convida à saída de casa, já se sabe. A proibição de viagens entre concelhos obrigará a uma operação policial eventualmente ao estilo do que foi observado durante a Páscoa. “O calor será certamente mais um factor que teremos em consideração”, começa a dizer ao Expresso fonte oficial da Polícia de Segurança Pública (PSP). “Obviamente que a predisposição das pessoas para sair - e o dia de calor é no dia da mãe - é influenciada se estiver muito calor ou a chover. Estando calor, poderá haver mais propensão, estamos conscientes e temos em consideração no nosso planeamento.
Para além do plano e dos homens no terreno, que não serão poucos à disposição pois as férias foram suspensas há várias semanas, a PSP conta com “a consciência das pessoas e a motivação” para que se supere definitivamente esta crise sanitária.
A Polícia de Segurança Pública aguarda ainda que sejam publicados diplomas para afinar a estratégia, para conhecer os moldes da informação que terão de passar às populações. “Em bom rigor, a PSP vai continuar a estar muito presente na rua, a aconselhar, a informar, das regras que têm de ser seguidas.”
E reforça: “Vamos continuar com muitas operações e muito controlo na rua. As zonas balneares, turísticas, os locais habituais de passeio vão ser zonas que vão merecer muita atenção e que, se verificarmos que é necessário, até vão ser zonas que interditaremos o acesso, seja rodoviário ou pedonal”.
O Expresso contactou a Guarda Nacional Republicana, que remeteu informações mais detalhadas para a conferência de imprensa de quinta-feira, que deverá ter lugar à tarde.