A TAP já tem tudo a postos para pôr em marcha duas possíveis operações de financiamento, na medida em que assegurou junto de dois bancos chineses a colocação da emissão de 350 milhões de euros: o Haitong Bank e do ICBC Spain.
A Agência Lusa avançou esta tarde com a informação, citando uma carta enviada pela transportadora à Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) no dia 19 de março. Informação que o Expresso obteve também junto de fonte governamental.
O pedido chegou à Parpública, empresa que detém os 50% do Estado na TAP, há cerca de um mês, e terá agora de ser analisado pelo Governo, nomeadamente pelo Ministro das Finanças, que é quem tutela a gestora das participações públicas do Estado.
350 milhões de euros é quanto a companhia estima precisar até junho para fazer face às necessidades geradas pela crise do Covid-19.
"A TAP solicitou no passado dia 19 de março à Parpública a prestação de garantia no âmbito de duas possíveis operações de financiamento, conforme propostas recebidas respetivamente do Haitong Bank e do ICBC Spain – Industrial and Commercial Bank of China", de acordo com o texto da carta, citado pela Lusa.
David Neeleman, o acionista privado norte-americano da TAP, já tinha aberto caminho para esta solução, quando no sabádo da semana passada, conforme o Expresso noticiou, veio dizer que defendia que a TAP deveria ser ajudada através de uma emissão obrigacionista com garantia de Estado. Avançando que já tinha bancos europeus e chineses disponíveis para colocar e tomar firme a operação.
Em causa está uma proposta do Haitong para a realização de "uma emissão de obrigações da TAP, com subscrição particular no montante de até 200 milhões de euros", com possível tomada firme do banco chinês, que em Portugal comprou o antigo BESI, de até 50% do valor da emissão (com o máximo de 100 milhões de euros). Segundo o documento, esta emissão teria maturidade entre 7 e 10 anos, com juro correspondente a OT/PGB [Obrigações do Tesouro], acrescido de 40-70 bps [pontos base] e garantia a prestar pela República Portuguesa".
Já no caso do ICBC, a TAP pediu ao Estado para analisar a realização de uma emissão de obrigações, a "subscrever e/ou sindicar pelo ICBC, no montante de até 150 milhões de euros. Esta emissão teria uma maturidade de 3 anos, juro de 425 pontos base, acrescido de Euribor a três meses e garantia a prestar pela República Portuguesa".
A TAP considera, nessa carta, que as propostas "apresentam condições financeiras extremamente competitivas, em particular no atual contexto, e requerem a prestação de uma garantia pelo Estado português", o que a companhia aérea acredita ser "razoável e adequado".
A companhia liderada por Antonoaldo Neves fez já um pedido de auxílio ao Estado onde apela para a isenção e diferimento do pagamento de impostos e da Segurança Social, bem como de taxas aeroportuárias e outras devidas pela sua atividade.
O grupo apelou ainda ao uso das bases aéreas do Montijo, Sintra e Monte Real para o "parqueamento" de aeronaves, adiamento da entrega das licenças de CO2 (dióxido de carbono) e várias outras medidas operacionais, como o reembolso através de ‘vouchers’ e a flexibilização de várias obrigações no reencaminhamento e acompanhamento de passageiros.