Os cabeleireiros estão a preparar-se para reabrir as portas, mas com um pacote de novas regras para proteger clientes e trabalhadores em tempo de pandemia. Vai ser preciso fazer marcação prévia, levar máscara, ou até viseira, e deixar em casa os anéis, colares, brincos, pulseiras.
“As pessoas têm de perceber que só podem levar o que é essencial porque tudo o que entra num salão pode estar contaminado e aumenta os riscos”, diz ao Expresso Cristina Bento, assessora da direção da Associação Portuguesa de Barbearias, Cabeleireiros e Institutos de Beleza (APBCIB).
Assim, quem está a pensar fazer compras antes de ir ao cabeleireiro deve reconsiderar porque os sacos extra não serão bem vindos. Os cumprimentos pessoais também deixam de fazer parte do ritual, mas lavar e desinfetar as mãos à entrada do salão passará a ser obrigatório.
“Temos de nos habituar a seguir as recomendações com naturalidade. Se virmos alguém desinfetar a cadeira onde estivemos sentados, temos de perceber que é para o bem de todos nós. Se o serviço estiver atrasado e for preciso esperar um pouco à porta, como no supermercado ou na farmácia, também”, refere a diretora-geral da associação.
E também será natural ver o cabeleireiro de luvas, máscara ou viseira, sempre de mangas compridas ou ter cada trabalhador a preencher uma tabela de registo de sintomas, temperatura incluída, refere o documento que aguarda, agora, a apreciação da Direção Geral de Saúde.
Tudo depende da organização de cada espaço, mas em regra os salões vão perder, no mínimo, 50% da capacidade de resposta, de forma a garantir o espaçamento entre clientes. E isto depois de um período de encerramento que deverá rondar o mês e meio, uma vez que os salões tiveram de fechar as portas a 22 de março, embora muitos já tivessem antecipado este passo.
Agora, apontado como um dos segmentos da economia que deverá recomeçar a abrir as portas em maio, e a retomar a atividade de forma gradual quando terminar o estado de emergência, que foi prolongado até 2 de maio, o sector já adotou regras conjuntas e recomendações, subscritas pelas diferentes associações desta área, assumindo o seu “compromisso” no combate à pandemia.
Para facilitar a atividade e permitir atender mais pessoas, admite-se o alargamento dos horários de funcionamento dos estabelecimentos. Foi um trabalho feito em articulação com a Direção Geral de Saúde, profissionais de saúde e técnicos de higiene e segurança, explica Cristina Bento, que representa a associação com mais peso nesta fileira.
Para os profissionais do sector há, também, um conjunto de regras e recomendações a seguir, desde os equipamentos de proteção individual à higienização e desinfeção do material de trabalho e dos salões.
“E tudo isto significa mais custos depois de um período de interrupção de atividade em que os apoios recebidos para ultrapassar o primeiro impacto da pandemia significam, sempre, assumir novos encargos no futuro próximo”, sublinha Cristina Bento, antecipando que, “mesmo com a reabertura, o sector terá muitas dificuldades pela frente, até porque reabre de forma condicionada, com mais encargos”.
Segundo a Associação Portuguesa de Barbearias, Cabeleireiros e Institutos de Beleza, existem mais de 38 mil salões de cabeleireiro e institutos de beleza, que empregam 50 mil pessoas e faturam 560 milhões de euros, de acordo com os dados de 2018. E para tudo funcionar normalmente, de acordo com as regras definidas pela DGS, as palavras-chave são informação e sensibilização.
“Cumprir as recomendações é fundamental para tudo correr bem, para evitar contágios e, assim, evitar o alarme público que poderia afastar os clientes e comprometer definitivamente o futuro das nossas empresas”, conclui.