As autoridades indianas apresentaram queixa-crime contra o Tablighi Jamaat, um movimento missionário islâmico, por ter organizado em março um evento internacional em Nova Deli onde dezenas de pessoas terão contraído o coronavírus.
No início de abril, estimava-se que cerca de um terço dos casos registados no país tinham tido origem nesse evento e noutros organizados pelo mesmo movimento na Malásia e no Paquistão (onde acabou por não acontecer, mas só depois de largas centenas de pessoas terem acorrido ao local) que também contribuíram para surtos de coronavírus nesses países.
Inicialmente, as autoridades indianas apenas acusaram o diretor do centro Tablighi Jammat em Deli de violar as normas sobre ajuntamentos de pessoas, mas acabaram por decidir apresentar uma acusação por homicídio doloso. Um objetivo do governo poderá ser desviar as atenção de falhas a vários níveis na sua estratégia de combate ao covid-19.
Desde a taxa extremamente baixa de testes realizados e a escassez de equipamentos protetores até à falta de preparações adequadas para o recolher obrigatório decretado subitamente em todo o país, que deixou largos milhões de pessoas sem meios de subsistência, os erros terão sido múltiplos.
Apontar os muçulmanos como culpados a uma população maioritariamente hindu parece uma solução fácil, mas está na linha do nacionalismo que tem caracterizado o BJP e o primeiro-ministro Narendra Modi.