Coronavírus

Covid-19. Fortuna de Jeff Bezos aumentou 23,6 mil milhões com a pandemia

Com as populações fechadas em casa pelo mundo fora, a Amazon viu as encomendas crescerem muito. Mas as queixas dos seus trabalhadores também

Alex Wong/Getty Images

A fortuna de Jeff Bezos cresceu 23,6 mil milhões de dólares (21,79 mil milhões de euros) desde o início da pandemia. Com o encerramento das lojas físicas por todo o mundo e o aumento das compras online, o fundador e presidente executivo da Amazon viu a empresa valorizar-se repentinamente, aumentando a sua fortuna pessoal para 138 mil milhões.

Ao mesmo tempo, sobem as reclamações sobre as condições de trabalho nos centros de distribuição da Amazon nos Estados Unidos. Embora a empresa garanta que instituiu medidas para proteger a saúde dos trabalhadores, nomeadamente verificando-lhes a temperatura, impondo o distanciamento entre eles e fornecendo lenços e outros materiais de limpeza, muitos deles queixam-se de que não é suficiente.

Nas condições em que trabalham, com a enorme pressão para satisfazer encomendas, é impossível manter o distanciamento necessário, dizem, e muitas vezes os materiais de limpeza esgotam-se. Por outro lado, a empresa recusa enviar para casa trabalhadores mais velhos pagando-lhes o salário, embora estes se encontrem numa posição mais vulnerável.

Após ter interrompido temporariamente as entregas de bens não essenciais para poder responder aos pedidos de artigos domésticos e material médico, a Amazon voltou a distribuir todo o tipo de produtos.
Um país onde não o poderá fazer é França, depois de um tribunal ter ordenado que se limitasse aos bens essenciais, considerando os riscos de saúde para os trabalhadores. Em resposta, a empresa fechou os centros de distribuição no país durante cinco dias, até à próxima segunda-feira.

Uma morte já confirmada

Nos EUA, para responder ao acréscimo de encomendas, a Amazon contratou cem mil trabalhadores e anunciou querer contratar mais 75 mil, convidando pessoas que ficaram sem emprego a candidatarem-se e aumentando o pagamento mínimo em dois dólares por hora em abril.

Com casos de coronavírus a aparecer nos armazéns, os protestos têm vindo a subir de tom. Uma primeira morte foi confirmada há dias, mas a empresa despediu três trabalhadores que reclamaram mais segurança, gerando reações por parte de políticos. Entre eles, o senador Bernie Sanders, que escreveu num tweet: "Em lugar de despedir empregados que querem justiça, talvez Jeff Bezos - o homem mais rico do mundo - possa concentrar-se em providenciar aos seus trabalhadores baixas médicas pagas, um ambiente de trabalho seguro e um planeta habitável".

A estas críticas juntam-se outras. Foi notado o facto de Bezos, apesar da dimensão da sua fortuna, ter feito apenas uma doação de cem milhões de dólares a uma organização de bancos alimentares desde o início da pandemia. Embora seja um montante substancial, outros bilionários revelaram-se mais generosos.

Jack Dorsey, presidente executivo do Twitter, vai doar mil milhões de dólares, mais de um quarto da sua fortuna. Bill Gates vem a seguir, com a sua fundação a doar 250 milhões de dólares. Entretanto, segundo a revista "Forbes", Donald Trump doou cem mil dólares ao Departamento da Saúde. São 0,005 por cento da fortuna do atual Presidente dos Estados Unidos.