Coronavírus

Mandetta vai mesmo ser demitido. Uma mulher e um ex-comunista na corrida para tutelar a pasta da Saúde no Brasil

Mandetta esteve com Bolsonaro no Palácio do Planalto e, no final, disse à (sua) equipa que vai ser demitido. A entrevista do ministro da Saúde do Brasil, Luiz Henrique Mandetta, ao programa “Fantástico” bateu recordes de popularidade. Bolsonaro, que já o tentara afastar por discordar da sua política de confinamento para travar a pandemia, não gostou

ADRIANO MACHADO/REUTERS

A reunião ministerial presidida por Jair Bolsonaro (esta terça-feira), parece ter sido um duro golpe na luta contra a pandemia do coronavírus no Brasil.

O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta permaneceu o tempo todo “em silêncio”, de acordo com o relato feito pelo jornal “Folha de São Paulo”.

A revista “Veja”, no site, escreve que a demissão deverá ocorrer “entre quarta e sexta-feira: Avaliação no Planalto é de que clima é insustentável.”

A revista diz ainda que a demissão terá o apoio da “ala militar” do governo e da Casa Civil da presidência. Tudo indica que este sector mudou de posição.

Na última semana, estes militares travaram o afastamento do ministro da Saúde, a quem largos sectores, nacionais e internacionais, reconhecem competência no plano de confinamento traçado para combater a pandemia do coronavírus.

A tensão entre Mandetta e Bolsonaro agravou-se desde o passado domingo, dia em que o ministro da Saúde deu uma entrevista ao programa “Fantástico” da “Globo” que atingiu grandes níveis de popularidade. Mandetta avisou a população que maio e junho vão ser meses “muito duros” na luta contra a pandemia, preparando assim os brasileiros para uma escalada no número de mortos.

Bolsonaro não é favorável à política de confinamento de Mandetta. Apesar disso, o ministro lembrou nessa entrevista: “o nosso inimigo, o nosso adversário, o nosso problema é o coronavírus. Esse é o nosso adversário, inimigo. Se eu estou ministro da Saúde, eu estou ministro da Saúde por obra de nomeação do presidente. O Presidente olha muito também pelo lado da economia. E chama muito a atenção o lado da economia. O Ministério da Saúde entende a economia, entende a cultura e educação, mas chama pelo lado de equilíbrio de proteção à vida”.

Ex-ministro Osmar Terra apoiado pelos filhos do Presidente

Depois de sair do Palácio do Planalto (Brasília), Mandetta reuniu a equipa e avisou que iria ser demitido. O diário paulista diz que “alguns colaboradores” sugeriram que se demitisse imediatamente numa jogada de antecipação, mas Mandetta disse que ficaria até ser ser exonerado e existir um substituto.

Fontes brasileiras disseram ao Expresso que “um dos nomes de que se fala é a médica cardiologista, Ludhmila Hajjar”, mas a revista “Veja” escreve que o candidato mais provável é o médico Osmar Terra, que foi ministro da Cidadania até 14 de fevereiro deste ano.

Osmar, é uma personagem política complexa, que guinou da esquerda para o sector próximo de Bolsonaro. Militante de esquerda na década de 70 do século passado, andou próximo do Partido Comunista do Brasil, mas atualmente partilha a posição do Presidente sobre a estratégia de luta contra o coronavírus, e conquistou o apoio dos filhos de Bolsonaro.

O médico que é deputado federal advoga o “uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da doença e o isolamento apenas de idosos e pessoas com doenças preexistentes”.