O número médio de contágios causados por cada pessoa infectada, indicador conhecido como R0, está finalmente abaixo do 1. Não se trata de uma mera barreira psicológica: quando este medidor é inferior a 1, a transmissão de um vírus (qualquer vírus) ainda é possível, mas a tendência é para que o número de casos vá reduzindo ao longo do tempo até que, eventualmente, o surto termine. Em Portugal, o indicador relativo à Covid-19 estará perto dos 0,87 (média nacional) e, mesmo na região Norte, a mais afetada do país, já terá baixado de 1.
Foi esta a grande novidade da reunião que voltou a juntar as mais altas figuras do Estado, líderes partidários, técnicos da Direção Geral de Saúde (DGS) e especialistas do Instituto Ricardo Jorge, no auditório do Infarmed, em Lisboa. No horizonte, alertaram os técnicos, há agora outra barreira que importa atingir: um R0 de 0,7.
Não é um valor escolhido ao acaso. Foi a partir desta barreira que a Noruega começou a levantar algumas medidas de restrição e um dos países que, apurou o Expresso junto de fontes que participaram na reunião, foi mais citado pelos especialistas quando começaram a traçar alguns cenários para o regresso à normalidade. Outra novidade para quem esteve no Infarmed: foi a primeira vez que os especialistas de saúde começaram a preparar cenários de abertura, prova de que mesmo os epidemiologistas estão de acordo de que é preciso deixar, a pouco e pouco, o confinamento.