Da boca da ministra da Saúde não saiu a palavra "recomendação" ou qualquer outro derivado verbal sobre a utilização de máscaras sociais, comunitárias e não cirúrgicas (feitas de algodão), durante a conferência de imprensa diária da Direção-Geral da Saúde (DGS), realizada esta quarta-feira. Marta Temido disse apenas, e por várias vezes, que "pode ser considerado" o uso deste tipo de máscaras e que recomendar a sua utilização generalizada é uma hipótese admitida pelas autoridades de saúde.
A eventual adoção do uso deste tipo de máscara foi tema de algumas perguntas dirigidas à ministra. Mas, sempre que respondeu, Marta Temido adotou a mesma linha: "De acordo com o princípio básico da precaução em saúde pública e face às ausências de efeitos adversos associados ao uso de máscara, pode ser considerada a sua utilização por qualquer pessoa em espaços interiores fechados e com um elevado número de pessoas", como supermercados ou transportes públicos.
Em nota informativa publicada no site da DGS e assinada por Graça Freitas, lê-se, nas conclusões, que "não existe evidência científica direta que permita emitir uma recomendação a favor ou contra a utilização de máscaras não cirúrgicas ou comunitárias, pela população".
O documento, de cinco páginas, é uma espécie de reforço do que foi dito. "Deve ser considerada a utilização de máscaras por qualquer pessoa em espaços interiores fechados com múltiplas pessoas (supermercados, farmácias, lojas ou estabelecimentos comerciais, transportes públicos, etc)", escreve a diretora-geral da Saúde, não definindo o uso de máscara social como uma recomendação, sim descrevendo-o como "uma medida adicional de proteção".
Antes, na conferência de imprensa, ministra da Saúde classificou o uso de máscaras sociais como "uma medida adicional, suplementar e complementar", da mesma forma que o são a lavagem frequente das mãos ou o distanciamento social. Ainda sobre este tipo de máscara, Marta Temido revelou que, ainda durante esta segunda-feira, a DGS irá publicar um conjunto de recomendações, alinhadas com as regras europeias.
Deu conta, também, que "o Infarmed, o Centro Tecnológico de Indústrias Têxteis de Portugal, diversos peritos, a ASAE e outras entidades, concluirão esta tarde as normas técnicas para a utilização destas máscaras ditas sociais e vão partilhá-las com a indústria".
Quanto aos outros dois tipos de máscara - as do tipo FFP (modelo 2 e 3), destinadas aos profissionais de saúde, e as cirúrgicas, que "previnem a transmissão de agentes infecciosos -, a ministra da Saúde garantiu que a sua utilização "já foi interiorizada por quem se destina". Marta Temido ressalvou, porém, que as máscaras sociais "são dispositivos diferentes que não obedecem a normalização e são destinados à população em geral".
A ministra frisou que as atuais diretrizes da DGS estão em linha com os argumentos que o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças apresentou, publicamente, a 8 de abril.
Já esta segunda-feira, a Ordem dos Médicos, Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública e o Sindicato Independente lançaram o movimento "Máscara Para Todos", apelando aos portugueses que usem máscara social nas saídas à rua.
[notícia atualizada às 18h31, com as informações que constam na nota informativa da DGS]