Coronavírus

Covid-19. DGS admite que Portugal pode já estar a passar o pico da pandemia

Ainda assim, a Direção-Geral da Saúde apela a que as pessoas se mantenham cautelosas e que continuem a cumprir as medidas de distanciamento social

MIGUEL A. LOPES/POOL/LUSA

Portugal pode já estar a viver o pico da pandemia da covid-19, admitiu Graça Freitas esta quarta-feira na habitual conferência de imprensa diária, onde a Direção-Geral da Saúde apresenta a evolução do novo coronavírus no país. Em declaração aos jornalistas, a diretora-geral da Saúde reconheceu que “tem havido uma estabilidade” da curva epidemiológica. No entanto, “não é um dado garantido, teremos de esperar mais uns dias”.

“Não é como a gripe. Se abrandarmos medidas, podemos ter um segundo pico ou planalto e uma segunda ou terceira onda. Temos de olhar para estes dados com muita cautela e precaução”, alertou Graça Freitas. “Se abrandarmos as medidas que levaram ao abrandamento da curva, pode voltar a subir. Apesar de tudo, reconhecemos que tem havido uma estabilidade”, disse.

A curva, explicou ainda, é construída tendo por base dados reais mas também as projeções dos académicos.

Graça Freitas considerou ainda que é prematuro avançar com testes sorológicos para avaliar a imunidade das pessoas.“Temos de aguardar o que a ciência nos vai dizer nos próximos dias, ou meses”, afirmou. “Quando soubermos mais sobre estes testes, podem vir a ser muito úteis. Só sabemos a imunidade de uma população fazendo inquéritos sorológicos - e isso implica tirar sangue a uma grande quantidade de pessoas e medir os anticorpos. Para o fazer tem de existir metodologias bem firmes. Para o sarampo sabemos, para a rubéola sabemos, para a papeira sabemos. Mas para este vírus, só quando houver mais estudos.”

A diretora-geral sublinhou que os testes sorológicos devem apenas ser feitos quando já há uma grande quantidade de anticorpos e que isso só acontece quando as pessoas já se encontram na fase de convalescença.

“Não faltam testes”

António Lacerda Sales negou que faltem testes à covid-19. Questionados pelos jornalistas, o secretário de Estado da Saúde assegurou que “a maior dificuldade” está na indisponibilidade do “reagente de extração” para conseguir realizar os testes. “Não temos falta de testes, não temos falta de zaragatoas”, assegurou, explicando que só é possível fazer as análises tendo todos os componentes disponíveis.

Lacerda Sales acrescentou ainda que todos os materiais necessários para o combate à covid-19, incluindo ventiladores e kits de proteção individual, estão a ser distribuídos a um ritmo que “é determinado com a chegada do material e a necessidade”.