O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças divulgou esta quarta-feira um documento em que recomenda a utilização de máscaras mesmo por pessoas sem sintomas.
“O uso de máscara em público pode ser uma forma de controlar a propagação da infeção na comunidade ao minimizar a excreção de gotículas respiratórias vindas das pessoas infetadas assintomáticas ou que ainda não tiveram sintomas”, lê-se no relatório, segundo o qual o “uso de máscaras na comunidade deve ser considerado, sobretudo em espaços fechados e movimentados, como supermercados, centros comerciais e transportes públicos”.
No documento chama-se a atenção, no entanto, para o facto de ainda não se conhecer exatamente o impacto da utilização de máscaras na transmissão da doença e destaca-se o seu uso por profissionais de saúde, que deve ser “prioritário”. “O uso de máscaras faciais pelos profissionais de saúde deve ser uma prioridade sobre o uso da comunidade”, lê-se no documento.
Também as máscaras “não médicas”, feitas com materiais diversos e usadas em vários países, podem ser consideradas, sobretudo em situações de escassez de material, quando é necessário garantir que os profissionais de saúde têm acesso às máscaras que mais protegem, as máscaras cirúrgicas.
Ainda assim, refere-se, “o uso de máscaras pela comunidade deve ser considerado apenas como medida complementar e não como substituto de outras medidas preventivas”, como o são o “distanciamento social, a lavagem cuidadosa das mãos e a necessidade de se evitar tocar na cara, no nariz, nos olhos e na boca”.
Em Portugal, não está recomendado o uso de máscara por toda a população, tendo Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, afirmado recentemente em conferência de imprensa estar a aguardar um parecer da Organização Mundial da Saúde a esse respeito.
A comunidade médica tem exercido alguma pressão para que se generalize o uso deste material. Esta quarta-feira, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, recomendou a utilização de equipamentos de proteção individual para “toda a gente que frequente locais públicos”, como hospitais, centros de saúde e supermercados. “A utilização de máscara serve para evitar que eu passe a infeção a outra pessoa”, afirmou o bastonário.
Também o Conselho de Escolas Médicas defendeu o uso generalizado de máscaras. Num documento com o título “Argumentação e Evidência Científica para o Uso Generalizado de Máscaras pela População Portuguesa”, refere-se que os vários artigos publicados sobre o assunto são unânimes ao considerar que devem ser utilizadas máscaras como “medida de controlo da transmissão de infeções respiratórias, reduzindo o risco de contágio, a taxa de ataque e potencialmente diminuindo o RO [o número médio de infeções geradas por cada pessoa infetada]”.
No documento argumenta-se ainda que a utilização também pode ser importante numa fase posterior à atual pandemia para “prevenir futuros surtos”.