Nada há a celebrar quando se lê no boletim epidemiológico que a Direção-Geral da Saúde (DGS) atualiza diariamente que registou mais 34 mortes em Portugal provocadas pela covid-19. O número total é agora de 345 vítimas mortais desde o início da pandemia. Há também mais 81 pessoas internadas, num total de 1.180. E ainda 271 nas várias unidades de cuidados intensivos do país.
Mas nesta pandemia, sabemo-lo da experiência de outros países, a curva de novas infeções conta muito para perceber em que ponto estamos e para acautelar o que aí vem. E essa, em Portugal, continua a crescer a um ritmo controlado, há já cinco dias abaixo dos 10%. Foram 712 casos detetados nas últimas 24 horas, num total de 12.442, o que representa um aumento de 6%, que permite acreditar que Portugal se vai manter afastado dos países onde a pandemia mais forte atacou. É o que contam estes gráficos.
Ter esperança não é o mesmo que relaxar. O aviso vem dos peritos da DGS e do Instituto Ricardo Jorge, que, no fim de mais uma reunião com o Governo, no Infarmed, confirmaram que o esforço de um país há 20 dias em estado de emergência tem compensado, mas que o tempo ainda é de “muita cautela”. Saíram defraudadas as expectativas do executivo de trazer luz sobre uma data para o regresso das aulas nas escolas. O retorno à vida normal há-de ser feito, mas “devagarinho”.
Prova de que todo o cuidado é pouco são os lares. O Governo lançou um programa nacional para testar, testar, testar, mas os autarcas queixam-se de falta de testes. Enquanto isso, a pandemia faz o que de pior sabe fazer: em Ílhavo, só no Lar de São José morreram quatro utentes. Somam-se a outros 60 idosos que morreram depois de terem sido infetados nos respetivos lares. O autarca de Ílhavo diz que “sem testes, lares são uma bomba-relógio”. Para fugir dela, a DGS emitiu estas orientações, que preveem a separação entre utentes com e sem sintomas.
Não são grupo de risco, mas estão especialmente suscetíveis ao contágio. Entre os enfermeiros, soube-se esta terça-feira, há 363 infetados. E dois mil estão em quarentena.
Na véspera de ser votada na Assembleia da República a proposta de lei do Governo que prevê medidas excecionais para os presos, a oposição sobe de tom. Desta vez foi Rui Rio, líder do PSD, que disse o que defende
Por falar em oposição, esta terça-feira foi ainda o dia em que os profissionais do Hospital da Cruz Vermelha (HCVP) escreveram uma carta dirigida a António Costa e a Marcelo Rebelo de Sousa. Alertam as principais figuras do Estado para a postura “autocrática e ditatorial” de Francisco George, nada menos que o presidente da Cruz Vermelha Portuguesa e presidente não-executivo do conselho de administração do HCVP.
Em causa estão as declarações de George de que o hospital passaria a dedicar-se exclusivamente a tratar doentes com covid-19, o que os mais de 50 signatários da carta dizem ser “o caminho mais direto para a falência do hospital a curto prazo”.