Coronavírus

Covid-19. Novas medidas anticrise, menos novos casos de infetados e quase o dobro dos recuperados: covid-19, ponto da situação nacional

Número de recuperados da covid-19 quase duplicou no dia em que o Governo anunciou novas medidas, que incluem mais trabalhadores abrangidos pelo regime de lay-off — que já chegou à imprensa — e mais dinheiro para as empresas. Marcelo começou o dia reunido com a banca e terminou-o a falar aos mais velhos
Nuno Botelho

A primeira semana completa do mês de abril começou com um dia de aumentos e descidas. Caiu como nunca tinha caído a taxa de novos casos de pessoas infetadas com a covid-19 em Portugal: foi de 4%, correspondente a mais 452 doentes, num total que é agora de 11.730. Quer isto dizer que a “pressão na mola” continua e que o país mantém a curva controlada.

Subiu como nunca tinha subido o número de recuperados: mais 65 doentes que deixaram de o ser, aumentando o total para 140, quase o dobro daquele que conhecíamos há 24 horas. Estão internadas agora 1.099 pessoas, 770 das quais em unidades de cuidados intensivos. Todos os outros infetados com o SARS-CoV-2 ficam em casa, acompanhados pelas autoridades de saúde.

Mas não foi só. Enquanto caía a noite, subiam os apoios do Governo. Da reunião com sindicatos e patrões saíram algumas medidas novas e outras alargadas. A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, explicou o que muda na situação dos sócios-gerentes face à pandemia. E não muda pouco: até aqui desprotegidos, passam a ter estatuto equivalente aos trabalhadores independentes, ou “recibos verdes”, desde que não tenham trabalhadores a seu cargo.

Para os recibos verdes há também novidades. Até aqui só podiam recorrer ao regime do lay-off simplificado os que dessem prova de ter perdido todo o seu rendimento. Não mais: a partir de agora, quem viu pelo menos 40% da faturação reduzida tem direito a concorrer. E esse apoio tem agora dois escalões diferentes, de acordo com os rendimentos, com limites de 438,81 euros e 635 euros.

Ao lado da ministra do Trabalho esteve o ministro da Economia. Pedro Siza Vieira anunciou um aumento potencial das linhas de crédito às empresas até 13 mil milhões de euros. E ainda aproveitou para agradecer as propostas do PSD, explicar quais são aquelas em que o Governo não está interessado e quais já pôs em prática. Em todo o caso, Siza Vieira considerou as propostas da oposição “construtivas”.

Esta segunda-feira foi ainda o dia de atualizar outros números. Desde que foi prolongado o estado de emergência, foram já detidas 22 pessoas por “violação da obrigação de confinamento obrigatório e por outras situações de desobediência ou resistência”. Se juntarmos os primeiros 15 dias de emergência nacional, dá um total de 130 cidadãos. Um dos últimos foi detido no domingo e, menos de 24 horas, já não se sabe onde andará. Além de pessoas, há estabelecimentos a abrir quando não podem. Foram encerrados até agora 145 espaços comerciais nesta segunda onda de emergência, que se juntam aos 1.708 que foram fechados durante a primeira fase.

Mas um dia não é dia se acabar sem Marcelo Rebelo de Sousa. O Presidente da República começou a segunda-feira reunido com a banca e terminou no programa da RTP “Prós e Contras”. Da reunião da manhã, saiu com diplomacia e disse que os banqueiros “foram unânimes”. “Tomaram a iniciativa de estar mesmo presentes nas vidas dos portugueses. E isto é a banca a dizer 'nós fomos apoiados pelos portugueses, e além de termos pago o que nos emprestaram e os juros, sentimos que devemos empenhar-nos nesta luta nacional'”, contou, à saída. Da participação televisiva da noite, pôs-se ao lado dos mais velhos, contrapondo as palavras do primeiro Presidente da República democraticamente eleito, Ramalho Eanes.

O dia termina com a notícia de que o lay-off chegou à comunicação social. Primeiro foi o "Jornal Económico" a anunciar a adoção da semana de trabalho de quatro dias como forma de combater a quebra de cerca de 50% das receitas, mantendo “os postos de trabalho dos cerca de 40 profissionais” do jornal.

Seguiu-se o desportivo “A Bola” com decisão semelhante. O que se passa na imprensa desportiva, agora com todas as competições suspensas, é, diz o diretor do jornal, Vítor Serpa, uma situação de “calamidade pública”.