Com a declaração do estado de emergência, a cesta de compras dos portugueses mudou e "o consumo dos portugueses tornou-se mais económico e racional", diz a terceira edição do barómetro semanal da Nielsen sobre o impacto da pandemia de covid-19 no consumo nacional. "A preocupação com o bem-estar dos animais" é uma das tendência detetadas nas compras realizadas entre 16 e 22 de março, mas em casa compram-se menos artigos de maquilhagem e perfumes, diz o estudo.
As vendas de produtos para animais (alimentação e acessórios) aumentou 15% face ao período homólogo do ano passado (entre 16 e 22 de março de 2019), mostra o barómetro da Nielsen, onde também aparecem em destaque produtos que caíram a pique no momento em que os portugueses ficaram em isolamento social, da maquilhagem (-54%), aos perfumes (-53%), produtos para calçado (-47%), cremes para a pele (-33) e produtos para a barba (-22%).
Por segmentos, para além dos 15% relativos aos produtos para animais, a Nielsen reporta subidas de 22% na alimentação, 14% na higiene pessoal, 7% nos frescos, a par de descidas de 15% nas bebidas, 26% nos produtos não alimentares e 64% no take away/cafetaria.
O papel higiénico continua em alta (+75%) numa semana marcada pela desaceleração do crescimento das vendas: O crescimento do consumo no período em análise (16 a 22 de março) face aos mesmos dias de 2019 foi de 7%, contra um salto de 65% na semana anterior.
Na alimentação, são os produtos de longa conservação a registar maiores crescimentos, com as conservas na liderança (+79%) e produtos básicos (+68%).
No mapa nacional, apenas 5 distritos registam evoluções do consumo abaixo da média nacional (7%): Coimbra (2%), Viseu (3%), Lisboa (3%), Viana do Castelo (4%) e Faro (6%). A liderar as subidas estão a Guarda (16%), Évora (14%) e Santarém, Beja e Portalegre (13%).
Na análise dos números, Marta Teotónio Pereira, Consultant Senior da Nielsen sublinha que o consumo "poderá ser impactado pela evolução das condições financeiras dos portugueses". Quanto ao futuro, "depois de passada esta fase em que os portugueses prepararam a vida para a quarentena, é natural que procurem agora tornar a vida em casa mais suportável. Haverá por isso alguns produtos menos essenciais que podem vir a apresentar crescimentos, como por exemplo algumas categorias de bebidas. Até mesmo alguns produtos de beleza poderão ter também um lugar de maior destaque em casa, nesta fase em que não podemos sair (ex: idas ao cabeleireiro). A evolução da composição da cesta de quarentena tem, portanto, uma parte experiencial e outra emocional e há aqui uma oportunidade para fabricantes e retalhistas atingirem vendas incrementais.”, comenta.
Sobre as vendas online, a Nielsen refere que "o número de ocasiões de compra registou um crescimento de 34% na semana 12 versus o período homólogo, com +41% de lares a eleger este canal".