À entrada de um mês que será decisivo no combate à pandemia do novo coronavírus, a ministra da Saúde, Marta Temido, faz um balanço positivo (embora prudente) da resposta à crise. Mas deixou um aviso: é fundamental não baixar a guarda.
Depois de saudar o esforço e "responsabilidade" dos portugueses no cumprimento das medidas de isolamento social e o apoio por parte dos profissionais de saúde e de serviços essenciais, Marta Temido afirmou na conferência de imprensa deste sábado: "Isto não é uma corrida de 100 metros, é uma longa maratona e temos de dosear a nossa energia, as nossas expectativas e o nosso esforço. Precisamos de continuar a utilizar as medidas de contenção e mitigação do surto, e a informar-nos corretamente sobre as regras".
É necessário, acrescentou, "continuar a apoiar quem precisa de apoio, particularmente os mais fragilizados, como os idosos que se encontram em estruturas residenciais". É junto deles, acrescentou, que têm sido sentidas "mais dificuldades, quer por causa das suas fragilidades anteriroes, quer pela insegurança associada à vida com covid-19".
A "responsabilidade", disse ainda, "tem de ser renovada todos os dias, porque não temos ainda uma luz concreta ao fim do túnel, apenas uma esperança, que depende das medidas que cada um de nós for tomando".
Índice de contaminação "inferior ao que já tivemos"
A ministra fez questão de frisar que o índice R0 (número de médio de casos infetados por cada caso) foi de 1,81 entre 21 de fevereiro e 16 de março, o que mostrava que “o surto estava a crescer”, mas era “inferior ao que já tivemos”. Ainda assim, "há um alto grau de incerteza" e "todos os nossos esforços são no sentido de reduzir a infeção". Também explicou que a taxa de letalidade é de 2,5% e, acima dos 70 anos, de 10,3%.
Marta Temido anunciou ainda que os primeiros 144 ventiladores de uma encomenda de 1500, resultantes de doações e aquisições, chegam no domingo, e aproveitou para atualizar outros números relacionados com a capacidade de resposta do país: hoje "serão recebidas três milhões de máscaras cirúrgicas e 400 máscaras FFP2". Admitiu que tem havido "falta de zaragatoas em vários pontos do sistema, a nível público e privado", estando prevista a chegada de "80 mil zaragatoas e 260 mil testes" a Portugal.
Também presente na conferência de imprensa, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, afirmou que ainda não há uma data para o regresso à vida "mais ou menos normal" e que "isso terá de ser analisado dia a dia".